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3 de Agosto de 2012
O hotelzinho onde fiquei era muito simpático e o patrão estava mesmo preocupado se eu tinha quem me ajudasse com a moto, senão ele mesmo encontraria um stand da Honda para me levar lá!
Mas não foi preciso, o meu amigo Charles Formosa lá estava à hora marcada, mais a sua Pan, para me acompanhar ao senhor doutor!
Ao princípio a minha motita engasgou um pouco, mas depois parecia que nada se tinha passado no dia anterior! E eu acompanhei o Charles sem qualquer dificuldade!
De repente parecia que iria ver as entranhas à minha moto todos os dias!
E tudo para ouvir a mesma coisa! A moto não tinha nada! Tudo funcionava como um relógio, nem dava para perceber que era uma moto com tantos quilómetros!
Mas a minha preocupação mantinha-se! Que adiantava que ela não tivesse nada na frente de toda a gente se, mal se visse sozinha comigo, começasse a falhar de novo?
Não sabia o que fazer, se seguir para a frente, e continuar a viagem, se voltar para trás e acabar com as inseguranças! E diz-me o “manda-chuva” do stand: “Vá para a frente sem medo! Afinal vai andar em países civilizados, a qualquer momento se a moto falhar, chama a assistência em viagem e vai para casa, não sem antes ter feito pelo menos parte da viagem!”
O Charles era da mesma opinião, aliás ele reforçava a sua ideia de que a Magnífica chegaria ao fim da viagem sim senhor! E eu lá fui…
Já não é a primeira vez que eu tenho planos para explorar a zona da Provença e algo me impede de faze-lo! Começo a pensar que tenho de lá ir direta com a única finalidade de a catar de ponta a ponta ou acho que nunca a conseguirei ver como quero!
Ainda dei umas voltas pela zona industrial de Montpellier e pela entrada da cidade a ver se algo acontecia enquanto estava perto da oficina…
Nada aconteceu, era como se ontem nada tivesse acontecido!
Então apanhei a via-rápida e fui por ali fora cheia de cautelas, como evitar permanecer na faixa de ultrapassagem, pois a moto podia engasgar de vez e deixar-me no meio da rua!
Mas nada disso aconteceu…
Eu não gosto de viajar por autoestradas nem vias-rápidas, por isso acabei por sair em Aix-en-Provence…
A moto estava normal mas eu não me aventurei muito pelo centro! Apenas passei e segui o meu caminho junto ao Mont de Saint Victoire, o monte que Sezanne tanto pintou quando ali viveu!
Não tinha vontade de parar, nem de ver nada, apenas chegar a Nice e ter a certeza que a moto estava bem e que não me abandonaria! A Provença? Não faltarão oportunidades para eu a catar de ponta a ponta!
Cheguei a Nice e enfiei-me na pousada de juventude, que por acaso era bem divertida e com uma paisagem bem bonita!
Fiquei ali a conversar com uns e com outros, pois toda a gente ficava, primeiro surpreendida por eu estar ali de moto, depois por a moto estar partida! Ofereceram-me cerveja, e tive um serão de horas de paleio!
E foi o fim do 5º dia de viagem, com direito a comida japonesa e muita conversa!