3 – Passeando até à Suiça – Saint Jean-Pied-de-Port – Lourdes – Jaca

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31 de Julho de 2012

Foi só ao segundo dia que eu comecei a relaxar um pouco! A motita parecia-me bem, não havia porque não fazer os caminhos que sempre gosto de fazer em viagem! Gosto de estradas secundárias, ruelas e caminhos, desde que tenham um piso razoável, que a minha Magnífica é desenrascada mas não é uma Trail!

Então engrenei pelos Pirenéus como tinha planeado, havia por ali uma ou duas coisas que eu queria ver desta vez! Digo desta vez porque outras vezes lá passei e deixei muito o que ver ainda!

Eu gosto das ruinhas onde quase só caibo eu e a minha motita!

E cheguei a Saint Jean-Pied-de-Port, uma cidadezinha muito pitoresca e acolhedora, que já foi a capital da província Basca da Baixa Navarra!

Em Saint Jean Pied de Port, convergem as três grandes vias do Caminho de Santiago no território francês, de Paris, Le Puy e de Vecelay (Chemin de Saint-Jacques des Pyrénées-Atlantiques) e isso é visível pelo centro de apoio e pela igreja de Nossa. Senhora.

Da ponte sobre o rio Nive, junto à torre da fortificação, a paisagem é muito bonita

Logo ali ao lado estavam duas esbeltas senhoras… por momentos eu teria pegado em qualquer uma delas e seguido caminho! Mas só me restava continuar com a minha Magnifica mutilada, pois então!

Esta foi a primeira cidade “fofinha” que visitei nesta viagem, que foi recheada delas!

Aquilo estava cheio de gente, não sei como consegui tirar fotos sem ninguém! Acho que estava tudo a ir para as esplanadas encher-se de cerveja, pois estava muito calor!

Eu também fui, mas tirei as minhas fotos antes! Eheheh

E depois de uma bela cerveja fresquíssima (estava gente ao meu lado a por gelo na cerveja! Nunca tal tinha visto!) segui pela montanha, ali mesmo ao lado os caminhos são super acolhedores!

As vaquinhas andavam por todos os lados! Uma coisa que me stressa um pouco! Nem quero imaginar o que seria de mim se uma embirrasse com a minha Magnífica!

Mas isso nunca aconteceu! Ainda vem que a minha motita é silenciosa, assim nem chegou a assustar ninguém à sua passagem!

As paisagens são deslumbrantes!

Aqui eu andava a testar a luminosidade do ambiente e as aberturas da máquina, por isso há céus meio pálidos e outros um pouco intensos demais!

E lá estavam mais vaquinhas no monte!

Nesta viagem vi vaquinhas de 7 ou 8 nacionalidades diferentes! Curioso que me parece que falam todas a mesma língua: língua de vaca, será?

Conheço-a estufada com puré e gosto muito!

Mesmo com as vacas por perto não resisti a parar por ali, no meio de nada, com ninguem à vista e fotografar e desenhar e estender-me na erva… é tão bom sentir a liberdade de nada fazer, apenas curtir o momento!

Mais à frente eram as ovelhas, taaaantas! Aqui na zona onde vivo chamam-lhes “mecas”! eheheheh

Não sei como não desmaiavam com o calor e toda aquela “roupa” em cima! Curioso, será que as ovelhas desmaiam?!

E as paisagens sucedem-se sempre fascinantes!

Decidi ir passear por Lourdes, era muito cedo para ir para casa e eu queria lá ir, por isso não deixei para o dia seguinte, embora fosse passar lá perto…

Fui por caminhos “travessos” e cheguei lá apanhando a Basílica de um angulo diferente! Gostei muito!

Como em Fátima o recinto está sempre cheio de gente!

O sítio onde se queimam as velas parece um crematório de tanta coisa que arde ao mesmo tempo!

“Cette lumière prolonge ma prière”

“Esta luz prolonga a minha oração”

Ali se juntam, num único conjunto, três construções próximas da Gruta de Lourdes: a Basílica da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário e a da Cripta.

A minha paciência nunca me deixou ficar na fila para me aproximar da Nossa Senhora… ok, da sua estátua!

Ao longe o conjunto é imponente!

Desta vez visitei a Basílica do Rosário, que fica mesmo cá em baixo junto ao recinto.

Das vezes que lá passei, ou estava fechada, ou reservada a doentes!

E fui-me embora para Jaca, que já me apetecia afastar de tanta gente!

Ainda ponderei ir lá acima ao Château-Fort… mas não fui, não me apetecia caminhar mais!

Fui mas é para casa, encher-me de comida, beber uma litrada de agua, que o calor seca a gente!

Naquela noite a minha casa era em Jaca!

Fim do segundo dia de viagem…

2 – Passeando até à Suiça 2012 – Vitória-Gasteiz

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Depois da desorientação inicial, depois de acalmar o meu coração que não parava de bater desordenado… encontrei a minha motita efetivamente costurada e segura! Tinha de decidir o que fazer! Passeei-me um pouco com ela, puxei-a, acelerei, travei! Nada acusava o “estalo” que ela tinha levado! Fui ver a manete do travão, estava tudo ressequido lá por dentro, foi retirada, vista e oleada…

Nunca mais encravou, mas eu nunca mais confiei nela! Eu, que uso essencialmente o travão de mão, comecei a usar mais o travão de pé, afinal aquilo tem Dual CBS a travagem seria assistida pelo travão de mão, de qualquer maneira!

Depois só me restava voltar à minha máquina mais antiga e seguir viagem!

Mas é triste, depois de me ter habituado a uma máquina melhor, justamente quando me preparava para ver coisas lindíssimas, ter de usar uma máquina inferior! Deu-me um ataque de inconformismo e comecei rapidamente a procurar uma máquina nova! Eu sabia que não era o momento de gastar mais dinheiro, com todas as despesas que se avizinhavam, mas que se lixasse o dinheiro! Eu nem sabia mesmo se ou quando viria a poder voltar a partir, depois de todas as despesas que o azar me obrigaria a fazer!

Por isso escolhi a maquina na net, fui procura-la ao melhor preço e comprei-a na Worten! Ao pagar, descobri que ela tinha um bom desconto em talão o que me “obrigava” a fazer outra compra com ele até ao final de Agosto a contar a partir do dia seguinte!

Ora no dia seguinte era o dia de eu partir de viagem e antes do fim de Agosto eu não estaria cá, por isso, fui até lá no dia seguinte, comprei um telemóvel (para substituir o que se afogou na inundação) e segui viagem com uma máquina que viria a descobrir, pouco a pouco, a cada dia de caminho… com ela tirei quase 14.500 fotos, das quais 14.000 estão ótimas! O azar acabava ali… ou talvez não…

Mas às vezes é precisa uma certa dose de inconsciência para não se desesperar e desistir de tudo!…

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30 de Julho de 2012

Eu não sabia quando poderia voltar a viajar, por isso esta viagem revestiu-se de significado, para além do que já tinha! Afinal eu iria voltar à Suíça, com todo o tempo para a explorar, tinha uma maquina nova para fotografar, só tinha de aproveitar o máximo do que se me deparasse no caminho! Mas olhar para a minha motita partida fazia-me tanto mal!

Segui direta sem paragens de importância, até Vitória onde passaria a primeira noite. A cidade é interessante, muito movimentada e cheia de recantos curiosos! Há muito que lá queria passar com calma e desta vez foi o que fiz!

É curioso que há ruas que parecem mais ladeiras e há até escadas para as subir e escadas rolantes exteriores para os mais cansados!

Os murais sempre me interessaram, já fiz muitos inclusivamente e por ali há vários bem interessantes!

Vitória tem um “casco antíguo” interessante, com construções pitorescas e igrejas góticas muito bonitas.

As casas muito juntinhas em ruinhas estreitas criam o ambiente certo para se passear, sobretudo quando o calor é muito e nem apetece apanhar sol!

Aproveitei uma igreja (iglesia San Pedro) para experimentar as capacidades da nova máquina fotográfica, porque cá fora, com luz natural, qualquer maquina se desenrasca, agora lá dentro, com pouca luz e sem flash é que a maquina mostra o que é capaz de fazer!

Gostei bastante dos resultados!

Depois dos “apertos” no coração, só me apetecia relaxar e viver a sensação de estar “on the road again”… sem me martirizar a catar a fundo a cidade, apenas vivendo-a!

Afinal viajar não é emprego, por isso não quero ter horários, nem preocupações e, sobretudo, não ter pressas!

Apenas passear e apreciar!

Encontrei um crocodilo lindíssimo junto à catedral nova da cidade. Que coisa mais bonita e perfeita!

A Catedral de María Inmaculada (catedral nova), é um edifício neogótico de meados do seculo XX, nunca a achei muito bonita por fora, sobretudo a fachada, mas tem ângulos interessantes!

A Catedral de Santa María de Vitoria, (Catedral Vieja), é muito mais interessante e tem a seus pés a Plaza de la Virgen Blanca, com esculturas bem curiosas! A Catedral estava em missa, por isso não pude entrar! Estes espanhois são muito misseiros!

E a Plaza de España, que faz, juntamente com a Plaza de la Virgem Blanca, a ligação do casco antigo com a parte moderna da cidade!

Relaxei passeando pela cidade, calmamente, explorei mais a maquina fotográfica do que o mundo que me envolvia, mas isso nem era importante! Afinal este era apenas o inicio de uma grande viagem!

13 – Passeando pelo Norte de Espanha – Estella, Artajona, Puente de la Reina, las Bardenas Reales, Sos!

Muitos dias se passaram desde a minha última publicação sobre esta viagem…

Eu fui à Escócia, eu rolei milhares de quilómetros, vivi várias histórias e aventuras mas a beleza da Espanha não fica apagada de todo com o que se passou depois!

Um dia eu disse que teria crónica e histórias para contar até ao Natal. Na realidade o Natal já passou e apenas agora eu quero continuar a contar como foi, antes que as coisas se apaguem na minha memória… ou antes que a angústia de não saber se poderei voltar a viajar, se apodere de mim!

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14 de Julho de 2011

Havia tanta coisa que eu queria ver por ali, que vou ter de lá voltar um dia para ver o que não me foi possível ver!

Depois de uma noite bem dormida, num hostel simpático junto de uma estação de serviço, partimos à procura do que me levara ali!

A zona onde ficamos era simpática e com coisas interessantes!

Olite é uma cidade curiosa, onde o castelo parece dominar tudo e ao mesmo tempo estar ali, à mão de semear, como se fosse muito natural ter como paisagem um castelo de contos de fadas na berma da estrada!

A paragem seguinte foi em Estella (Lizarra, o nome Basco) uma cidade com quase 10 seculos, no caminho de Santiago o que explica a quantidade de igrejas românicas que possui, algumas em ruinas.

Toda a cidade está recheada de construções medievais

incluindo o palácio dos Reis de Navarra do sec XII!

É uma sensação curiosa passearmo-nos por caminhos tão visivelmente antigos!

Havia feira naquele dia e o que eu gosto de feiras!

Numa feira dá para ver quem são as pessoas de uma terra, o que compram, o que vendem, o que vestem quando vão às compras! Acho que ali as pessoas eram como nós por cá!

A minha motita lá estava à minha espera

Mais à frente cruzamos com 2 Goldwings curiosas!

Segui para Artajona, uma cidadezinha no topo de uma colina com um castelo espantoso!

Só de longe já valia a pena ter ido ali! Era exatamente o que prometia ser: um cenário!

Mas o interesse manteve-se ao subir ao castelo

Uma fortificação medieval notável chamada de El Cerco desde o sec XIV.
Está em muito bom estado de conservação tendo sido recentemente restaurado.

Achei as torres muito curiosas, abertas do lado de dentro da fortificação!

os pisos dentro das torres teriam sido de madeira e hoje não existem mais e não os colocaram lá com o restauro

A igreja é um exemplar espantoso! Pelo menos para mim que não conheço nenhuma outra com fachada semelhante!

A iglesia-fortaleza de San Saturnino e a sua fachada gótica espantosa é do sec XIII! Estava fechada, uma pena, tinha gostado tanto de a ver por dentro!

A paisagem lá de cima é deslumbrante!

Segui para Puente de la Reina, que tem mesmo uma ponte que atravessa o rio Arga!

Naturalmente o nome do Pueblo vem da ponte românica do sec XII, mandada construir por uma rainha desconhecida hoje!

Uma cidadezinha muito bonita, cheia de significado por se juntarem nela todos caminhos franceses de Santiago

A Iglesia de Santiago, com origem no sec XII, hoje acho mais bonitos os seu tetos pois os altares foram adornados em obras posteriores, deforma que não aprecio…

Depois de cuscar no interior dos pueblos segui finalmente para Las Bardenas Reales…

As Bardenas são uma espécie de deserto protegido pelo Parque Natural e é também Reserva da Biosfera.

O solo é de argila, gesso e arenito e foi sendo esculpido pelas chuvas e ventos ao longo dos tempos,

Aquilo é lindo por ali!

Não pude visitar as Bardenas Reales como queria porque não estava sozinha, o caminho é de terra batida, a fugir para o cascalho, e eu não quis que houvesse azares…

Terei de lá voltar sozinha!

Tudo parece terra esculpida, rígida e texturada, pode-se andar por cima sem estragar os efeitos da erosão!

Mais à frente, junto aos pueblos, foram esculpidas grutas na encosta dos montes terrosos.

Andamos por ali às voltas, não me apetecia ir embora, por isso dei a volta aquilo tudo, antes de andar para a frente e encontrar e o castelinho de Sadaba de “brincar” do sec XIII!

O meu destino seguinte era Sos del Rey Católico, e o caminho foi composto por paisagens extraordinárias

O sol baixava já quando lá chegamos

O Jaky já esgotara a sua resistência, com as botas a magoarem e as articulações a queixarem-se. Fui visitar o pueblo sozinha!

Valeu a pena e valeria também a pena ter podido ficar por ali mais tempo…

Paciência, mais um recanto de Espanha que terei de revisitar sozinha!

Depois foi o regresso a casa, em Olite, e o caminho ainda tinha coisas giras para ver, num país e numa zona onde parece que todas as colinas e todos os montinhos têm um pueblo em cima

Encontrar mais uma vez naquele dia o Canal de Bardenas, que parecia não ter fim, a considerar pelos sítios em que cruzamos com ele. Efetivamente vim a descobrir que tem “apenas” 132km! Claro que tinha de “estar por todo o lado!
Muito bonito ao entardecer!

E o sol punha-se em Olite quando chegamos!

Fim do 9º dia

42 – Passeando até à Escócia – Avis e o regresso a casa!

3 e 4 de Setembro de 2011

Faltava pouco para chegar a casa, todo o caminho que é feito dentro do meu país me parece curto!

Os 2 dias seguintes foram feitos de convívio, conversa, comida e bebida… amigos do Motos & Destinos, amigos do Facebook, amigos do Travel Event… amigos que me encheram o coração depois da epopeia que acabava de viver!

É uma sensação estranha e curiosa, chegar de viagem sem na realidade ter chegado! Afinal eu só “chego” de viagem quando entro em casa!

É também estranho, andar ainda envolvia com as sensações da minha viagem e viver de certa forma a viagem dos outros!

Passei um serão de conversa e chouriças assadas no álcool… e depois, no dia seguinte claro que me custou sair da cama.

Claro que não me deitei nada cedo em nenhum dos dias, parecia que não havia cansaço… se calhar não havia mesmo, mas a gente tem de estar cansada depois de tanto quilómetro, não?

A casinha onde me hospedaram era uma fofura!

Quase perdia a fantástica feijoada do Rui Faria, que se está a aprimorar de ano para ano!
Acho que já não é só o Travel que é um evento, a feijoada também!

A gente já vai lá para comemorar também a feijoada!

E a cada ano o tacho terá de ser maior…

O parque de campismo fica num canto do paraíso a que nunca fico indiferente!

Com a albufeira do Maranhão a permitir momentos deliciosos e fotos fantásticas!

Perdi a noção dos dias, apenas andei por ali a curtir o momento!

Acabei por não experimentar nenhuma moto… o que foi uma pena! Mas não me sentia nas melhores condições para conduzir uma moto que não a minha. Volto sempre de viagem com as mãos cansadas e pisadas e isso, somado à minha pouquíssima força, não me inspira confiança para conduzir motos alheias…

Andava eu a curtir a paisagem quando chegou o João Luís! Olha-me este viajante, que já não via há tempos e até já tinha saudades! Eheheh

A noite foi longa e divertida, com histórias e estórias de viajantes e projetos de passeios, num serão de muito paleio, cerveja e amigos que faz sempre bem rever…

Parti no dia seguinte para casa…

Não tinha pressa, tudo me parecia tão perto, coisa de quem passou muitos dias a grande distância de casa!

As paisagens nacionais são muito bonitas, mas a nossa terra foi já tão repetidamente explorada por mim, que apenas apetece passar e registar panorâmicas…

A nostalgia fez-me parar e desenhar mais um pouco, em honra dos momentos que passei fora daqui e que me enchiam já de saudades…

E cheguei a casa depois de:

30 dias
14.500 km
8.055 fotos
722 litros de gasolina
1.025.24 € em gasolina
626 € em dormidas
185€ em entradas e visitas
60€ em transportes alternativos
Despesa total: 2.396.24 €
(mais 980€ da avaria…[xx(])

O que me faltou?
Um pouco mais de azul naqueles céus!

O que sobrou?
Beleza, história e paisagens naturais, muito para além do esperado …

O que valeu a pena?
Não ter desistido, apesar da avaria, e ter continuado!

O que teria dispensado?
Naturalmente aquela avaria em Glasgow, que me desorientou e entristeceu tanto, para além de me ter feito perder um pedaço precioso de caminho…

O que me apetece dizer ainda?
… eu tenho de lá voltar! Ficaram coisas por “resolver” por lá!

Beijucas e até para o ano!

O meu novo mapa desenhado!

FIM

41 – Passeando até à Escócia – De Avila até Avis!

2 de Setembro de 2011

Chegara a etapa de entrada no meu país!
Podia ver pelo mapa como estava perto, nada de milhares de quilómetros para voltar, o que me permitiria passear um pouco e chegar a Avis ainda de dia.

Avila… eu tinha estado ali um mês antes e não foi inocentemente que la voltei. Eu simplesmente precisava de tempo comigo própria para passear por ali e dias antes não o tivera!

Avila, uma cidade rodeada por uma muralha românica impressionante com cerca de 2,5km de extensão! A cidade de Santa Teresa de Avila!

Fiquei hospedada numa casinha de turismo rural muito gira, à entrada da cidade, que ficou toda por minha conta. O dono da casa, que tem um restaurante mais à frente, deu-me uma série de livrinhos com toda a informação sobre a cidade e a província com o seu nome.

Claro que essas informações acabaram por me fazer querer voltar ali, mais uma vez um dia destes, para catar o que não conseguiria catar naquele dia! E por isso pode surgir a qualquer momento um “Passeando por Avila!” na minha vida pois então!

A cidade tem 2 portas voltadas para a zona antiga da cidade, as portas de Alcazar e de S. Vicente. A Puerta del Alcazar é a principal e está junto à Plaza Mayor

A muralha é impressionante, começada a construir no sec XI rodeia a cidade antiga e mantem-se hoje como foi construída na época, o que a torna única, a maior e a melhor conservada na Europa! Tem 2516 metros de perímetro, 87 torreões e 9 portas.

Fora das muralhas existem diversas construções religiosas espantosas, aliás, Avila é a cidade com mais construções românicas e góticas em relação ao número de habitantes! A Basílica de San Vicente, uma construção iniciada em estilo românico e concluída já em estilo gótico…

A igreja é espantosa e é tão imponente como uma catedral, na verdade é a segunda maior da cidade depois da catedral!

A cúpula gótica, no cruzamento da nave central com os braços laterais, é espantosa!

E logo ali em baixo, fica o memorial dos 3 irmãos mártires que dão o nome à basílica: S. Vicente, Santa Sabina e Santa Cristeta.

São Vicente, Santa Sabina e Santa Cristeta foram barbaramente torturados, decepados os seus membros e as cabeças esmagadas, por volta do ano 303 por um imperador romano, quando não era aceite a religião cristã e os crentes eram perseguidos… Diz-se que estes 3 mártires eram originários de Évora, só não sei se é a nossa!

O memorial/sepulcro narra episódios da vida de Cristo em pequenas esculturas e relevos.

A basílica é muito bonita e eu andava para a visitar há anos… cada vez que passava à porta e deixava para a vez seguinte!

Mais à frente fica la Puerta de San Vicente

E fui visitar a Catedral!
Um mês antes eu quisera visita-la, mas não estava sozinha e tive de deixar para outra vez. Não podia ir gastar uma hora a visitar a catedral e deixar o meu colega de viagem, de capacete na cabeça, junto à moto à minha espera! :-S

Mas desta vez eu era livre!

Havia uma feira medieval em toda a zona, o que tornou aquela visita ainda mais especial!

A Catedral del Salvador de Ávila é um edifício espantoso, templo e fortificação! É considerada a primeira construção gótica do país!

É curiosa a pedra usada na sua construção, cheia de “manchas” de cor, que resulta muna mescla de cinzas e castanhos avermelhados, bizarra!

Avila é a cidade de Santa Teresa e pensei que a catedral tinha um altar consagrado a ela, à semelhanças de outras igrejas da cidade, mas parece que afinal é de Santa Catalina!

O claustro está protegido por redes! Acho que devem ser os pombos que andam por ali a fazer bosta!

Espelhos nas paredes do claustro!

E cá fora era a feira! Era cedo e estavam a montar os estaminés.

Junto à muralha há mesmo uma estátua de santa Teresa!

E ali ao lado fica a praça de Santa Teresa com a Igreja de San Pedro ao fundo.

Mais uma igreja românica notável!

Andei por ali a passear, aproveitando o sol que estava radioso!

A feira medieval estendia-se para fora das muralhas, com tendas e animais e tudo!

Os burrinhos eram tão fofinhos!

Achei piada à frase mas nem era verdade que eu tivesse ganas de chegar a casa!!!

Mas tive de me por a andar! Não sem antes passar pe’ Los Cuatro Postes, um pequeno santuário, a 1,5 quilômetros da cidade, que marca o lugar onde o tio de Santa Teresa a impediu de fugir, aos sete anos com seu irmão, em busca do martírio na batalha contra os mouros.
Este ponto é privilegiado pela panorâmica que permite sobre a cidade!

Ali ao lado um pintor montava o seu cavalete para pintar.

Lá em baixo, a cidade que lhe servia de modelo

Uma camioneta de chinocas chegara entretanto e eles conseguiram meter-se todos dentro do espaço dos Cuatro Postes!

Continuei o meu caminho passando por Bejar, uma cidade que é mais bonita vista de fora do que de dentro!

E fui almoçar a Placência, mais uma cidade surpreendente, que já visitei noutros momentos, mas que tem sempre muito para mostrar!

Almocei na Plaza Mayor, onde fica a Casa Consistorial, aquela casa renascentista (ok, reconstruida) que tem um moçoilo no telhado a martelar as horas!

Lá está o tipo, de martelo em punho, a dar horas lá em cima!

E enchi a barriga de coisas boas, que em Espanha eu nunca passo fome!

Ali ao lado, depois de um percurso por ruínhas estreitinhas, fica a catedral nova.

Um edifício que junta diversos estilos pela sua história de morosa construção: Estilos Gótico, Renascentista, com elementos decorativos Barrocos.

Estava fechada, mas eu já a visitei antes, é espantosa e comunica pelo interior com a catedral velha!

Voltei à estrada a caminho do meu País…

Ao longe a cidade é imponente!

Ainda passei por Cáceres, mas uma nuvem imensa pousava sobre tudo e ameaçava encharcar tudo a qualquer momento e foi o que aconteceu! Atravessei uma tromba de água espantosa que nem me deixava ver direito a estrada!

E foi numa corrida bem molhada que cheguei a Badajoz, onde não entrei, apenas apreciei de longe. Tenho de lá ir um dia só para a visitar!

Segui para Avis, contornando mais uma tromba de água que, felizmente, não tive de atravessar!

Para quem esperava apanhar toda a chuva do mundo na Escócia, a Espanha foi a surpresa nessa área!

Fui muito bem recebida em Avis por amigos como o Rui Baltazar que me disponibilizou um belo ninho para eu descansar os ossos! E tive direito a, ainda dentro do limbo da minha viagem, dar uma voltinha pelas viagens dos outros!

Fim do 28º dia de viagem…