70 – Passeando até à Suíça 2012 – A França – Fontainebleau, Orléans…

2 de setembro de 2012 – continuação

Fontainebleau foi um nome repetido por muito tempo na minha vida e na minha memória! Fez parte dos meus estudos como aluna e, posteriormente, como professora! As artes estão intimamente ligadas a Fontainebleau, desde que os artistas italianos contratados para trabalhar na remodelação, aumento e decoração do palácio, introduziram o Maneirismo na França e a França rebatizou o estilo como “estilo Fontainebleau” que conjugava diversas expressões artísticas e decorativas, escultura, pintura, modelagem em estuque e pormenores decorativos em diversos materiais! Depois foi a Escola de Fontainebleau que surgiu em mudanças em pintura e gravura.

Ao aproximarmo-nos da cidade e do palácio encontramos numa rotunda o marco comemorativo do encontro entre Napoleão e o papa, quando este veio consagra-lo Imperador.

Em frente ao palácio não faltava onde estacionar a minha motita, afinal estava em França, onde as motos são muito bem recebidas!

E lá estava ele, um dos maiores palácios reais franceses e ninguém fica em dúvida quanto a isso ao aproximar-se dele!

Tive a sorte de chegar ali ao domingo e a entrada era grátis!

Mal se entra no pátio de acesso, somos rodeados pelas alas laterais e há palácio por quase todos os lados!

Lá dentro é a opulência! As alas sucedem-se, os quartos de reis, de rainhas, de conselhos, de armas, de tudo…

A dado momento sentia-me dentro de uma caixa, decorada por todos os lados, tal é a acumulação de elementos decorativos, paredes forradas, pinturas, tetos trabalhados e tecidos floridos! Eu morria ali com todo aquele ruido visual!

Comparativamente a capela do palácio nem é a coisa mais decorada do edifício!

Longas galerias levam-nos de uma ala para outra.

E o salão de baile é aquela coisa gigantesca! Também para que as longas saias rodadas e volumosas, cheias de sedas e folhos, coubessem ali entre danças e exibições, todo o espaço seria pouco!

Pela janela vê-se o pátio entremuros, que já parece um pátio moderno, sem qualquer recanto de jardim, apenas pedra!

E junto ao salão de baile há uma outra capela muito antiga do séc. XIII, que foi descoberta com a ampliação do palácio no séc. XVI, a capela de Saint-Saturnin.

E foi então que encontrei a mulher das muitas maminhas! Ele há cada ideia! Provavelmente terá a ver com a fertilidade ou algo do género, mas uma mulher com tantas mamas realmente terá de manter as mãos na cabeça para não amaçar nenhuma! eheheheh

E a opulência mantem-se pelo palácio fora!

A sala do trono e o próprio trono até me pareceram meio despidos perto de todas a decoração e opulência que se encontra por ali!

La Galerie de Diane é a maior divisão do Château de Fontainebleau e foi noutros tempos a galeria da rainha, com 25 metros de comprimento e 7 de largura. Foi construída por Henrique IV no séc. XVIII e restaurada no século seguinte e a sua decoração conta a história da deusa Diana. Durante muito tempo serviu de passagem para a sala de banquetes até ser transformada em biblioteca que comporta 16.000 livros! O grande globo ao topo das escadas pertenceu a Napoleão I. Um espaço extraordinário e com um ambiente imponente que não podemos pisar, apenas observar, o que o torna mais irreal e impressionante!

E saí finalmente do outro lado para visitar os jardins e os lagos! Alguns patos estavam acampados numa fonte e faziam uma festa no pedacinho de água! Digo pedacinho porque ali ao lado os lagos são de perder de vista e cortar a respiração!

Mas o pormenor mais interessante que me prendeu a atenção foi que havia um restaurante no castelo, que estava aberto e ainda servia refeições e estava mesmo na hora de comer! Eu nem sou de saladas, mas aquela estava deliciosa!

De barriga cheia passeia-se muito melhor!

São 80 hectares de parque e jardins, que nos fazem parecer passear por caminhos infinitos! Fizeram-me lembrar os jardins e lagos de Versalhes!

Dizem que reis se passearam por aqueles lagos e canais em galés! (grandes barcos a remos que podem ter também mastros)

Voltei ao palácio, eu não me iria pôr a percorrer quilómetros de parque para depois ter de voltar e duplicar a quilometragem feita!

Começava a chegar muito mais gente para visitar o palácio, depois do almoço!

E fui buscar a minha motita, pois eu tinha visto que se podia entrar no parque de carro/moto e assim não tinha necessidade de percorrer aquilo a pé!

Dá-se a volta pela cidadezinha, que mais à frente estava cheia de motos, e procura-se a passagem para entrar no parque..

A grande dimensão dos caminhos provoca sempre efeitos deslumbrantes. Sentia-se já o outono a chegar!

Sentei-me um pouco no relvado… há momentos de imensidão e paz para nunca mais esquecer!

É claro que tirei um milhão e meio de fotos… e segui finalmente para Orléans, pois queria visitar a cidade onde Joana D’Arc é tão venerada. Uma das padroeiras da França é chamada de «A Donzela de Orléans».

E está representada no altar-mor da catedral de Orléans!

A catedral é gótica do séc. XII e é espantosa!

A cidade é acolhedora e tem uma zona histórica interessante.

As referências a Joana D’Arc estão bem presentes, na Maison du Diane de Poitiers – Musée Historique, uma das mais antigas casas da cidade.

Mais à frente, no outro extremo da avenida da catedral, fica a casa de Joana D’Arc.

tudo já fechado àquela hora…

“Nesta casa, reconstruida em 1965, Joana D’Arc foi hóspede de Jacques Bovcher, tesoureiro do Duque de Orléans de 29 a Abril a 9 de maio de 1429”

Ainda brinquei um pouco por ali…

Fui tomar qualquer coisa a uma esplanada…

Dei uma voltinha a pé e voltei a encontrar a Joana, numa estátua equestre no meio de uma praça!

E fui para casa em Orléans, que no dia seguinte daria mais um passo na direção da minha casa em Portugal!

Fim do trigésimo quinto dia de viagem!

69 – Passeando até à Suíça 2012 – A França – Le Pont-Canal de Briare, Gien, Nemours

2 de Setembro de 2012

A minha passagem por Orleães tinha dois propósitos, visitar dois locais ali perto que há muito me interessava conhecer. Por isso dormi duas noites na cidade, para ter um dia por minha conta para explorar o que procurava!

Não, nenhum deles era uma igreja ou catedral!

O desenho que fiz no mapa não foi circular mas foi triangular, de ida, exploração, e volta!

Uma das coisas que eu procurava ficava em Briare, uma cidadezinha que é atravessada pelo famoso e lindo rio Loire, esse mesmo, o que tem um vale com a maior concentração de castelos do mundo!

Ao aproximar-me comecei a encontrar pessoas que corriam, eram muitas, estavam em todo o meu caminho e estendiam-se por todo o percurso que fiz por quilómetros!

La fui andando, muito calmamente, chegando-me para o lado para não atropelar nem ser atropelada pelos corredores! Dava para ver que não eram atletas de alta competição, pois havia gente para todas as idades e gostos! Até chegar a Briare, fui percebendo que os corredores iriam estar por ali por todo o lado!

As pessoas, que guardavam as ruas para os corredores, eram simpáticas e tentavam impedir o menos possível a moto de passar, mesmo quando os carros não podiam passar, a mim deixavam! Também eu não ocupava a rua e conseguia seguir sem perturbar a corrida.

Então vi-me em cima da ponte que me permitia a perfeita visualização do meu objetivo: Le Pont- Canal!

A Pont-Canal de Briare é uma obra fascinante que me fez andar muitos quilómetros para a visitar, percorrer e fotografar!

Foi construída entre 1890 e 1894, totalmente em metal, permite que barcos atravessem o rio Loire e seus canais paralelos, como um viaduto feito de água e passeio para peões! Foi a primeira Ponte-Canal a ser construída e, por muito tempo, a mais longa do mundo com 662 metros!

Pousei a moto na berma do canal, mas a minha vontade era percorrer a ponte com ela…

Foi uma sensação curiosa passear por uma ponte onde não podemos mudar de passeio e cujo alcatrão é aquoso onde passam veículos sem rodas!

Lá em baixo o Loire e os seus canais paralelos!

Durante a segunda guerra a França decide destruir todas as pontes sobre o rio Loire para retardar o avanço dos alemães e a Ponte-canal é dinamitada, fazendo cair dois dos seus tabuleiros.

Esta destruição foi cirúrgica e permitiu poupar os extremos da ponte, com os seus pilares e encaixe de pedra a terra firme. A reconstrução trouxe-a depois ao seu anterior esplendor!

Uma obra extraordinária mesmo, aquela ponte!

Por baixo passa, não apenas o rio, mas a rua também! Uma sensação curiosa a de passar por baixo de um rio, que eu queria experimentar!

Só ao chegar à outra ponta da ponte-canal é que li, num cartaz pendurado numa árvore o que se estava a passar por ali, com tanta gente a correr!

Tratava-se da Semi -maratona Gient-Briare-Gient , isto é, aquela gente andava a correr 21 quilómetros entre as duas cidades, o que queria dizer que iria continuar a passar pelos corredores, dado que iria a Gent!

Foi um belo passeio pela ponte-canal que só “pecou” pela impossibilidade de ir por um passeio e regressar pelo outro!

E lá estava a minha Magnifica à minha espera, para continuarmos a maratona dos outros!

E como toda a gente estava entretida com a maratona eu e a minha motita fomos fazer um pouco de terra batida pelas margens do Loire!

Ela adorou andar na terra! Percursos de sonho!

E lá fomos experimentar qual era a sensação de passar por baixo de um rio que passa por cima de uma ponte! É estranha! Afinal estávamos em posições trocadas, eu e a moto por baixo e o rio por cima!

E no vale dos castelos é suposto encontrarmos castelos! Lá estava o castelo de Saint-Brisson-sur-Loire, um castelo medieval do séc. XII, alterado posteriormente por diversas vezes! Não me apeteceu ver de mais perto, por isso segui caminho.

E mais à frente já se via Gient, uma cidade cheia de história que acolheu Joana D’Arc por quatro vezes no curso da sua epopeia, como eles orgulhosamente dizem!

O trânsito estava numa de arranca-pára-arranca e descobri nessa lentidão de caminho um pescador no meio do rio!

A cidade é mais bonita vista da outra margem que exploradas pelas suas ruínhas!

Foi mais uma cidade vítima de bombardeamentos e grandemente destruída durante a segunda guerra, sendo reconstruida depois… afinal, basicamente, é para isso que as guerras servem, para lixarem tudo e depois darem uma trabalheira infinita e uma despesa maluca para restaurar tudo de novo!

Neste caso a ponte foi destruída pelos alemães para impedir as tropas francesas de recuarem! Afinal uma guerra sem muitos mortos também não serve os seus fins de humilhação, desmoralização e subjugação!

Atravessei a cidade e segui caminho, pois o que procurava não estava ali!

Nemours apareceu-me mais lá para cima e parei para dar uma olhada, pois gostei do que vi ao chegar!

O rio Loing cerca o centro histórico com o seu canal, provocando uma sensação de ilha!

E depois, como toda a cidade medieval que se preze, tem um castelinho do séc. XII lá no meio!

Sentei-me na berma do rio, o céu estava cinzento mas não iria chover. Momentos simples que depois deixam saudades!

Atrás de mim estava a igreja voltada para o outro lado, a Église de Saint-Jean-Baptiste do séc. XII…

Andei por ali mais um pouco. Há uma tranquilidade nas pequenas cidades/aldeias francesas que me faz ter vontade de passear, ou apenas estar, mesmo que seja apenas um pouco, por ali, em paz!

Mas o meu grande destino daquele dia estava uns quilómetros mais a norte, por isso acabei por seguir para o sítio onde passaria grande parte do dia!

(continua)

68 – Passeando até à Suíça 2012 – A França – Laon, Paris…

1 de Setembro de 2012 – continuação

A minha entrada e França trazia já consigo o sabor a despedida, a regresso, embora ainda tivesse muitas coisas em mente para ver e uma série de quilómetros para fazer até casa!

A França é um país encantador e os seus encantos são do tamanho do seu grande território, já que cada província, cada região, é única e diferente de todas as outras!

Passear por França é, para mim, um dos grandes prazeres! Ter de a atravessar para começar ou terminar uma viagem, é sempre um encanto!

Passei em Guise onde, na berma da estrada, se encontra o Cimetière Militaire Franco-Anglo-Allemand de Flavigny-le-Petit… as duas grandes guerras separaram aqueles homens, a morte os juntou…

La Desolation… é realmente o sentimento que nos acompanha ao passar por ali!

Não tinha previsto parar em lado nenhum, apenas apreciar e curtir as belas estradas nacionais que atravessam o país, com paisagens deliciosas de perder de vista.

Mas não me contive ao passar em Laon… passara ali ao subir para Brugge e apeteceu-me tanto passar para ver a catedral de Notre Dame de Laon, que desta vez não resisti e fui lá acima numa corridinha! A catedral é uma enormidade lá na parte alta da cidade! A sua dimensão e imponência são visíveis a grande distância, no cimo da colina, parecendo desmesurada perto da envolvência!

Imagine-se de perto!

O tempo não era muito mas seria o suficiente para me encantar com aquela que é uma das mais importantes catedrais do gótico primitivo francês, construída entre os séc. XII e XIII, e chegou intacta até nós, em toda a sua grandiosidade, depois de revoluções e guerras lhe terem passado à porta!

Temos de fazer alguma ginástica para a apanharmos totalmente numa foto!

Lá dentro quase provoca vertigens!

Deslumbrei-me ao vê-la ao vivo…

Aqueles vitrais azuis são espantosos em contraste com a pedra branca!

E lá tive de me forçar a saír dali, ou ainda lá estaria hoje…

A envolvência da catedral é uma zona histórica pitoresca

Quase demasiado “apinhada” para conter uma tão grandiosa construção! Os franceses eram assim, não construíam à dimensão do ser humano, como por cá os portugueses! Construíam mais à dimensão de gigantes, de deuses!

E lá vim por ali abaixo, para seguir o meu caminho, mas sem perder a catedral de vista por muito tempo!

A bem dizer, parece que a colina da catedral é a única elevação por muitos quilómetros em redor!

Quilómetros de terra cultivada, longas searas, moinhos de vento no meio de lado nenhum!!

E por falar em moinhos!

De repente deu-me uma vontade de algo diferente, excitante e surreal, no meio de tanta planície! Como se faz na piscina, tapa-se o nariz e salta-se, eu retive a respiração e mergulhei em Paris!

Atravessar Paris foi a loucura total, depois de tantos quilómetros de condução solitária! Foi um mergulho na loucura da maior cidade da Europa ocidental, que já não estava de férias e por isso estava frenética!

O Moulin Rouge é o segundo ponto turístico mais fotografado da cidade, depois da torre Eiffel, e eu não quis perturbar a estatística e também tirei mais umas quantas fotos, lá à porta!

Ainda passei no Sacré Coeur, mas qualquer ilusão de o visitar por dentro, caiu por terra ao me sentir completamente engolida pelo trânsito e pela multidão! Siga mas é para a frente!

O povo e as bicicletas são como moscardos por aquelas ruas! Até os polícias engrossam a enchente nas suas biclas!

Passei na Catedral de Notre Dame e tirei uma ou duas fotos à minha Magnífica parecidas com as que tirei da última vez que ela lá foi!

Porque visitar a catedral por dentro estava completamente fora de questão já que, contra tudo o que eu esperaria de acordo com outras passagens por ali, tinha fila para entrar!!

Nem pensar em pôr-me em filas! Tirei mais uma ou duas fotos ao belo edifício por fora. A bela catedral que é uma das mais antigas no estilo e que foi eternizada por Victor Hugo.

E deixei Paris para outra altura, em que eu lá decida voltar em Agosto, quando os parisienses estão de férias na costa e deixam o interior mais calmo e vago!

E saí do outro lado da cidade, como quem emerge de um mergulho prolongado, completamente revitalizada, depois de fazer uso dos meus dotes de condução mais agressiva e ágil, que já estava a fazer falta à minha motita!

E segui para Orleães, onde ficava a minha casa naquela noite!

Fim do trigésimo quarto dia de viagem!

56 – Passeando até à Suiça 2012 – Reims, Arras, Kortrijk e a bela Brugge!

27 de Agosto de 2012 – continuação

Claro que Reims é aquela cidade que é grandiosa pela catedral grandiosa que tem! Que se há-de fazer? Foi o dia das catedrais/basílicas/igrejas! Fiquei muito mais santa depois daquele dia! 😉

E não consigo passar em Reims sem ir ver a dita catedral! É “apenas” a catedral mais extraordinária de França!

A Catedral de Notre-Dame de Reims é aquele monumento incontornável que ninguém consegue ignorar quando passa perto da cidade! Construída no séc. XIII é até hoje uma das duas catedrais góticas mais importantes de França, juntamente com a catedral de Chartres.

Na realidade ela é o monumento, é a igreja, é a cidade, é tudo naquele recanto de França! Olha-se para ela e olha-se para o poder humano sobre a pedra, a gravidade e a beleza!

Ali se passaram alguns dos momentos mais importantes e inesquecíveis do país, entre eles a coroação de Carlos VII, em 1429, com a presença de Joana D’Arc, depois de ela ter liderado a expulsão dos ingleses do território!

Sobreviveu milagrosamente aos intensos bombardeamentos da II Grande Guerra, embora bastante danificada. Mas felizmente, enquanto uns humanos destroem, outros reconstroem e ela ali está hoje, magnifica!

Grande parte dos vitrais medievais da catedral desapareceu, vítimas da sua fragilidade e da estupidez humana… já que a catedral foi bombardeada insistentemente na primeira guerra também, por exemplo!

E lá estavam os vitrais de 1974 de Marc Chagal, pintor francês de origem russa que visitava frequentemente a cidade para trabalhar.

Pela maqueta da catedral pode-se ver a dimensão do edifício, se compararmos o seu todo com a dimensão das portas, por exemplo!

E os interiores são lindos e misteriosos, testemunhas da história de um povo!

A rosácea, sobre o portal principal, é extraordinário e nesta catedral é única e característica, pela sua dimensão, beleza e enquadramento no conjunto arquitetónico e escultórico!

E ela faz-nos sentir bem pequenos e insignificantes aos seus pés! Curiosamente a sensação que tenho sempre, quando estou junto dela, é que é mais “poderosa” que a de Colónia ou Estrasburgo! Talvez porque, por não ser tão alta, tem um ar mais robusto e próximo de nós! Quase ameaçadoramente próxima de nós mortais! 😀

As suas torres são “cortadas” o que ajuda a sensação, pois não sendo pontiagudas, como as das outras catedrais, tornam-na mais larga e baixa!

No jardim em frente a estátua de Joana D’Arc, permanece junto do local onde levou o seu rei…

Para sempre espantosa aquela igreja…

E continuei o meu caminho para norte, fazendo com que Arras ficasse no meu caminho, uma cidade que me chamou a atenção na história!

Uma cidade com uma história antiga, feita de invasões, influencia, cultura e encantos, mas também de destruição e guerra, já que foi palco de batalhas e invasões com edifícios destruídos tanto na Primeira quanto na Segunda guerra! Centenas de suspeitos da Resistência francesa foram executados ali, durante a Segunda guerra, quando a cidade esteve ocupada pelos alemães…

A Camara Municipal e o seu campanário estão catalogados pela Unesco! Originalmente construídos entre os sécs. XV e XVI em estilo gótico, mas destruídos durante a Primeira Guerra, em 1915: o campanário foi destruído e o edifício da Camara queimado juntamente com grande parte da cidade …

A reconstrução foi feita com todo o cuidado, mas desta vez em betão armado, segundo o trado original…

A Grand’Place d’Arras com cerca de 2 hectares de área, onde desde sempre se fizeram feiras e mercados, e as suas 155 casas flamengas de estilo barroco, construídas a partir do séc. XVII.

Tudo ali e pela cidade toda, foi severamente afetado pelos bombardeamentos da Primeira Guerra. Toda a gente foi também sujeita à obrigação de apresentar os planos para as reconstruções, afim de que não se perdesse o traçado nem o aspeto anterior à destruição!

E foi uma medida acertada a considerar pela harmonia e beleza que se recuperou!

E voltei a partir, para entrar finalmente na zona flamenga da Belgica!

Segui para Kortrijk, nome flamengo que em português se chama Courtrai, com a sua Grote Markt, uma praça encantadora e que parece o centro do mundo dali!

O campanário da igreja de Sint-Maartenskerk ao fundo, que é o mesmo que dizer igreja de São Martinho como está fácil de ver!

Estava fechada, mas mesmo por fora é linda!

Gótica do séc. XIII … há lá dentro coisas que eu queria muito ver, mas terá de ficar para a próxima vez…

O seu campanário de 83 metros! Imponente!

Mais à frente fica a Onze-Lieve-Vrouwekerk kortrijk, que é o mesmo que dizer a Catedral de Nossa Senhora de kortrijk!

Uma construção do séc. XII em estilo românico, é um dos edifícios mais antigos da cidade e é “protegido” por isso!

Já foi como que uma fortaleza para proteger a população em tempos muito remotos e isso é visível pelo seu ar robusto e inexpugnável!

Ao longo da sua longa história muitas histórias passaram por ela, desde pilhagens, destruições, roubos, armazenamento de serreais e a iminência da demolição… a tudo sobreviveu com o esforço da população…

Foi fortemente danificada durante a Segunda Guerra em que, alem dos bombardeamentos, peças, como o relógio da torre, foram roubadas pelos alemães!

Os seus interiores não são românicos há muito, devido às remodelações posteriores, mas contem ainda recantos muito bonitos e antigos, como a Gravenkapel, do séc. XIV, já em estilo gótico!

No meio da praça fica o monumento aos mortos na Primeira Guerra..

Uma espécie de campanário com um telhado no topo onde personagens douradas deverão tocar um sino, ou algo parecido!

Na outra ponta a camara municipal, um belíssimo edifício barroco!

Cá está ele! A minha motita estava estacionada pertinho!

Peguei nela e segui caminho para Brugge, uma das cidades mais encantadoras que conheço e onde ficaria vários dias.

A sua Grande Praça, Grote Markt, é encantadora! Como eu dizia um dia, que me desculpe Vitor Hugo que achava que a Grande Praça de Bruxelas era a mais bonita do mundo… mas esta não lhe fica nada atrás!

A torre Halletoren, do séc. XII é espetacular e possui um carrilhão com 47 sinos que naquele dia estaria em concerto, por isso havia uma bancada montada na frente!

Podia-se entrar no espaço interior

Mais uma torre que eu gostaria de subir um dia, mas são 366 degraus que me arruinariam os músculos das pernas… por isso ainda não foi desta vez que subi!

O palácio provincial fica logo ali ao lado!

Mas eu estava era cheia de fome e fui buscar a motita para o meio da praça, onde outras motos estavam instaladas também e fui eu mesma instalar-me para comer!

Enquanto a moto espantava olhos eu enchia-me de mexilhões! Ui, o que eu gosto daquilo!

A paisagem da esplanada do restaurante era tão bonita que nem apetecia ir embora!

Demorei o tempo todo do mundo, a comer, a beber e na conversa com quem estava por perto, até a noite me chamar para a cama!

O concerto do carrilhão iria começar a qualquer momento, mas eu não esperaria, fui-me embora para casa, que naquele dia era em Brugge!

Fim do vigésimo nono dia de viagem!

55 – Passeando até à Suiça 2012 – Troyes… ou a cidade das 10 igrejas!

27 de Agosto de 2012

Naquele dia seguiria para norte, como inicialmente previra, antes de mudar os meus planos e desviar-me do meu caminho! Seguiria para a Bélgica mas não sem antes catar todos os recantos de Troyes!

Não foi por acaso que eu decidi pernoitar em Troyes!
Há muito tempo que a cidade estava na minha lista de “imperdíveis”!
Trata-se de uma cidade muito antiga e cheia de habitações e igrejas medievais! Nem eu imaginava quantas!

Passeia-se um bocado pela cidade e parece que em cada esquina há uma catedral! Não é por acaso que lhe chamam “La ville aux 10 églises” (a cidade das 10 igrejas!)

A primeira que procurei, seguindo a sua torre por cima das casas, foi a própria catedral dedicada a São Pedro e São Paulo: Cathédrale de Saint-Pierre et Saint-Paul.

A catedral gótica do séc. XII foi vitima de tudo e mais alguma coisa! Diversos fenómenos naturais e “erros” humanos provocaram momentos de destruição no belo edifício, desde guerras, invasões, tufões, tornados e raios que lhe caíram em cima!

Mas conseguiu chegar até nós linda e de novo a precisar de restauro, que está em curso no momento!

Das coisas mais bonitas no gótico são as “paredes de vidro” onde os vitrais provocam os efeitos mais extraordinários com a luz exterior!

Quem vê a igreja por fora não imagina a sua grandiosidade e beleza interior!

Embora seja um edifício remarcável!

Dá-se-lhe a volta e encontram-se edifícios extraordinários, bem antigos!

E outra igreja gótica, a igreja de Saint Nizier, do séc. XVI. Está meio em mau estado e a clamar por restauro!

O que vale é que, pelo que soube, a cada ano um novo edifício entra em fase de restauro e esta igreja já tem vestígios disso pelos andaimes que estão parcialmente colocados!
Não a pude ver por dentro pois estava fechada!

Segue-se mais um pouco pela rua e encontramos mais uma igreja gótica: a Basilique de Saint-Urbain, do séc. XIII

Começada a sua construção no séc. XIII, demorou 8 séculos mais a ser concluída, porque o dinheiro era pouco. Hoje é dedicada a Saint Urbain, o padroeiro da cidade.

Visitei-a demoradamente por dentro, rodeei-a pelo exterior. As suas gárgulas são curiosas, criaturas humanoides, mais do que monstros.

E há momentos que uma camara capta e que não temos a certeza se foi realmente capaz de o fazer! Momentos de rara beleza e demasiado fugazes para que o olho humano memorize e retenha… Trouxe comigo o voo do passarinho!

E o interior era surpreendente!

Mais uma vez aqueles tetos altos, com paredes iluminadas por vitrais, me fascinaram!

As casinhas em redor, e por todo o lado, parecem irreais e saídas de livrinhos infantis!

Mais à frente fica o centro mais “compacto”, em termos de construções medievais extraordinárias!

Casas lindas, boa parte delas do séc. XVI, em madeira ou com os travejamentos exteriores, casas de estuque e lindas de ficar demoradamente a olhar para elas!

Ruelas estreitinhas, como a “Ruelle des Chats” (Ruela dos Gatos)

E pimba, mais um igreja: a Eglise de Sainte-Madelaine, a mais antiga de Troyes, do séc. XII. Inicialmente em estilo românico e posteriormente, no início do Séc. XIII, remodelada já em estilo gótico que acabava de aparecer na França!

O seu jardim já ganhou o prémio das cidades floridas! Na realidade ele é bonito e original já que os corredores para as pessoas passarem, em vez de serem de terra batida ou empedrados, são relvados!

Do jardim pode-se apreciar a construção em redor!

O interior é extraordinário!

O coro e a abside em gótico flamejante, provocam um efeito de grandiosidade e estranheza!

Fiquei ali a olhar!!

Lá fora as ruelas continuam de regresso à cidade histórica, deslumbrantes!

Para encontrar mais à frente a Eglise de Saint-Jean-au-Marché, gótica do séc. XIII, (igreja de São João do Mercado) porque fica no meio da cidade medieval, onde se faziam grandes feiras!

Não a visitei por dentro porque estava fechada! Na realidade está a ser restaurada aos poucos de acordo com patrocínios que vão sendo angariados…

Pela parte que já está pronta, pode-se ver que deve ser muito bonita e vale a pena preservar!

E vi 5 das 10 igrejas de Troyes, apenas aquelas que “se atravessaram no meu caminho”!

A cidade ficou-me no coração pela beleza antiga que encerra e desejei voltar a visita-la de novo um dia!

Entretanto segui o meu caminho pela França profunda, como eu gosto de chamar à imensidão dos campos e searas sem fim, até Reims!

(continua)