8. Marrocos 2012 – Uma chuvada no deserto!

4 de Abril de 2012

Perguntavam qual a sensação de dormir numa tenda no meio do deserto, acordar rodeada de camelos…

É uma sensação esquisita, acorda-se varias vezes durante a noite, pois o colchão é duro, porque não tenho lençóis, porque durmo vestida!

O vento entra por uma frincha na parede, tenho vontade de ir ao wc mas nem quero pensar nisso pois não distinguira a dita tenda de todas as outras! Não é particularmente confortável, mas também não é o fim do mundo!

Não tive frio, o que foi ótimo, já que aquilo de noite arrefece!

Então, depois de toda a chuva que já tínhamos apanhado, já tínhamos decidido que a culpa de tanta chuva afinal era do Tonica, pois para todo o sítio que ele vai, leva-a com ele. Descobrimos ao acordar que chovera no deserto!

Oh Tonica, a continuar assim quando nos formos embora deixaremos o deserto verde!
Era caso para chamar ao fenómeno: “Uma chuvada no deserto!”

Os nossos Ferraris continuavam estacionados onde os deixáramos na noite anterior!

Ora bem, ali mesmo atras do oásis na areia, estava um duma gigante. A ideia era subirmos por ela para vermos o nascer do sol, que seria à 6.30h segundo o Tuaregue.

Por isso toca a trepar!

O facto de ter chovido durante a noite, tornou a areia mais fácil de subir! Lembro-me que no ano passado tive muita dificuldade em subir uma duna bem menor, e desta vez não custou tanto! Os pés não se enterravam tanto e a gente lá foi subindo.

Mesmo assim por os pés nas pegadas dos outros tornava a subida mais fácil!

Lá de cima as tendas pareciam ilhas no meio do mar ondulado de areia.

O nosso mais novo aninhou ali e puxou da chucha!

E brincava com o i-phone!

Pronto, é claro que não subimos até ao topo da duna! Puxa, ela era grande demais para subir mais para cima!

O Tonica voltou por momentos à infância e deitou a gatinhar por ali acima, mais a sua garrafa de areia!

E no meio da animação… eis que o sol nasceu!

E de repente a cor da areia, provocada pelo sol, iludia a minha máquina fotográfica que a apresentava em tons completamente inesperados!

Um espetáculo digno de apreciar, era lindo olhar em volta e ver o efeito que o sol tinha sobre a areia.

E o sol estava ali, a animar todo o ambiente, provocando efeitos extraordinários de sombra e luz

Voltamos à tenda para o pequeno-almoço. Tudo parecia diferente debaixo daquela luz!

O nosso Tuaregue de serviço era um tipo simpático de turbante amarelo.

A fome era negra, que isto de trepar dunas logo pela manhã é desgastante!

Continuo a não achar muita graça a comer sentada no chão! Ou de joelhos!
Continuo a preferir mesa e cadeiras à antiga portuguesa!

Então voltamos aos nossos Ferraris para tratarmos de volta até às nossas motitas!

Os camelos, que eram dromedários, tinham sido baralhados e tornados a dar! Por isso calhou-me um muito simpático, mas com a sela meio de lado.

E pronto, estávamos todos montados e preparados para mais uma hora e meia de travessia das dunas!

O nosso oásis ficava para trás…

Desculpem mas estes foram uns deliciosos momentos de sol que não pude desperdiçar, por isso fiz algumas fotos lindas que tenho de vos mostrar!

Os contrastes da cor quente da areia com o azul do céu, fascinou-me, enquanto tive sol!

A beleza exótica do deserto é indescritível, por isso só me restava fotografa-la!

Estávamos a escassos 10 quilómetros da Argélia!

O guiador do meu dromedário era solido e bem fixo ao bicho! Um bicho dócil e simpático, como nem um cavalo seria!

Seguíamos em dos grupos como na noite anterior

tanto tempo em cima de um camelo sem ter nada que fazer deu para tirar muitas fotos

O Luís e a Júlia encontraram-se na cauda dos 2 grupos, quando estes circulavam a par! Encontro de camelo para camelo!

E lá fomos chegando ao Auberge du Sud, onde eu quero passar uma noite, um dia que volte a Marrocos!

Encontrei ali enquadramentos muito bonitos!

É uma sensação curiosa ter o deserto como paisagem!

O hotel é uma delícia de decorações exóticas e ambientes misteriosos!

Apetece ficar ali uns dias!

Nos pátios existem vários apartamentos num ambiente acolhedor, de uma construção voltada para dentro, para se proteger das areias do deserto!

Curioso o pormenor dos tapetes em cima da areia para as pessoas passarem.

em cima de um mote de areia, uma mesa e quatro cadeiras!

Depois fui registar o momento em que a minha Magnífica se passeou em cima da areia do Saara!

E la estava todo o bando preparado para mais 8 quilómetros de cascalho negro!

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Um caminho que parecia não ter fim!

Depois fomos até Merzouga, apenas ver como era, mas pelo que se via ao entrar, aquilo tinha umas infinitas ruas, tipo trilho de terra e cascalho!

E o deserto era ali mesmo ao lado!

E seguimos o nosso caminho para Midelt!

Fomos abastecer e ali mesmo demos as roupas que o Leonardo e a Mila tinham levado para dar à crianças. Logo ali eles vestiram varias t-shirt e vieram mostrar-nos como ficavam!

Ali mesmo também pudemos apreciar o aspeto da segurança no trabalho que se pratica por lá!

Com a chuva que se afastara um pouco, as nuvens abriam e deixavam ver um lindo e intenso céu azul!

(e continua)

7. Marrocos 2012 – Até ao Deserto!

(2 de Abril de 2012 – continuação)

Passar por ali ao lado de tais construções é uma sensação de verdadeiro exotismo!

o palácio parece não ter fim, ali na berma da estrada, a imagem de Ouarzazate!

E lá saímos da cidade rumo ao deserto!

O que me chocou no país foi a facilidade com que aquela gente vive e convive com o lixo! A dada altura a gente pressente a chegada a uma cidade pelo muito lixo que vai encontrando nas bermas da estrada!

A paisagem ia mudando em pormenores decorativos pelas encostas das colinas!

E de repente parece que cheguei à América!

Uma espécie de Grand Canyon marroquino!

De repente eu queria parar em todas as esquinas e tirar um milhão de fotos a cada paragem!

O que vale é que os outros também quiseram parar, senão eu só tiraria fotos de corrida!

Aquilo lá em baixo é fascinante! Grandioso!

A gente arrancava e eu voltava a parar, uma vez e outra!

Porque a cada curva do caminho os penhascos mostravam-se de ângulos mais extraordinários!

E sai uma panorâmica meio enrolada da minha máquina!

E a paisagem vai sempre mudando, com montanha diferente a cada quilómetro e as casinhas no meio de nada!

Parece que encontramos diversos países num mesmo país!

A chuva voltava em força e a gente ancorou na lama da praça central de Agdz, uma terra no meio de nada mas que tinha um sapateiro que socorreu o Rui, mais a sua bota “des-solada”

A minha motita nunca se tinha visto ancorada na lama… mal ela sabia o que a esperava a partir dali!

E cá está o Rui com o pé direito enfiado no sapato provisório enquanto a botita ía dar uma voltinha reparadora

Vendo bem de perto até ficava curioso o conjunto improvável do novo par de calçado!

Fomos ficando por ali a fazer tempo e morder qualquer coisa enquanto a bota não vinha!

O restaurante onde paramos até tinha bom aspeto visto de longe!

Não sei como é que aquela gente ainda conseguia tomar mais e mais chá de menta!

Ali mesmo ao lado estava instalada a cabine telefónica mais estreitinha que eu vira na minha vida! Quem é que caberá ali dentro?

E mais isto e mais aquilo, e pimba, mais chá de menta!

E finalmente a bota regressou ao seu dono, pela mão do seu salvador!

O patrão do rapaz é que fez o preço, não foi caro e foi eficiente! Pois aquela bota ainda fez muita lama, agua e terra depois de ter sido colada e pregada ali! Afinal Marrocos não é o fim do mundo! Fazem-se coisas uteis e em cima da hora, bem feitas! Não é verdade Rui?

Bem com o Rui já muito bem calçado lá seguimos, tínhamos muito maus caminhos para percorrer ainda!

Mas o ar de cada um era de alegria! Quem se queixa de passear à chuva? Desde que seja passear é sempre melhor que trabalhar!

A cada dia passávamos frequentemente por grupos de adolescentes que voltavam das escolas!

Ao longe há sempre pormenores surpreendentes na paisagem, por vezes só parando se pode captar o que se vê! O Rui e o Elísio é que estavam sempre a “levar comigo” que ficava para trás e eles faziam questão de ser os últimos e por minha causa ficavam lá para trás!

Voltamos a atravessar um pouco de Grand Canyon

E como aquelas paisagens me fascinam!

E chegávamos a Almif (acho eu) onde almoçaríamos uma farta refeição de 25 gramas de “steak” em 3 minúsculos pedacinhos, acompanhados de 14 palitos de batata frita, vá lá nem mais um, não fosse alguém sentir-se mal com o estomago demasiado cheio!

Foi aqui o grande banquete! O que prova que o tascoso fumarento de berma de estrada continua a ser a melhor opção para se comer, mesmo que a carne tenha moscas!

Ao menos dei o “gosto ao dedo” e fiz por lá algumas fotos do local com piada!

Nunca me dei muito bem a comer numa mesa mais baixa do que o banco em que me sento!

A vantagem de a comida ser menos que pouca é que, embora se perca muito tempo à espera, demora-se menos que nada a comer e a seguir viagem!

E lá fomos passando por mais um e outro oásis

Putos vindos de lado nenhum esperavam que os cumprimentessemos nas bordas da estrada que já ía estando cheia de areia

E de repente… o deserto!

“Avistar as dunas do Saara a partir da estrada, vê-las lá ao fundo, depois do deserto de cascalho negro, em cambiantes de laranjas rosados… foi como avistar um paraíso superior! Como se o deserto fosse uma entidade viva, um ser avassalador que me atraía a si… percorrer todo o cascalho irregular, em ondulações por vezes violentas, foi o menor preço a pagar para chegar com a minha moto Magnífica até ele…”

Teríamos de fazer 8 km pelo cascalho negro até às dunas, onde as motos ficariam no hotel.

Um dia eu prometi à minha motita que nunca mais faria terra batida ou fora de estrada com ela! Ela não nasceu para isso e fica sempre nervosa, um dia atirou-se para o chão e tudo!
Mas ali era a exceção!

Esperamos pelo Jeep que viria buscar as penduras e indicar-nos o caminho. Há que aproveitar o tempo de espera!

Na direção oposta o sol preparava-se para se pôr

O Carlos tinha ido fazer o reconhecimento do caminho e procurar o Jeep desaparecido! Um grande guia!

E lá fomos até à grande duna, a ponta da grande manta que é o Saara! Quando lá chegamos levantava-se uma ventania que fazia o ar encher-se de areia. Coisa ruim para uma máquina fotográfica, mas linda para uma fotografia!

Os Ferraris que nos levariam às tendas já nos esperavam!

Não perdemos muito tempo, o percurso era longo e ajudaria a digerir o resto do almoço minúsculo que tivéramos… santo Deus, se a comida no deserto fosse também uma miséria eu iria morrer de fome! ?

O hotel ia ficando para trás e a hora e meia de caminho começava apenas, a passo de caracol… ok, a passo de camelo!

O grupo mantinha toda a animação de sempre, em 2 grupos de 5 camelos lá se iam trocando piadas de um grupo para o outro!

Os vestígios do sol desapareciam de uma forma muito bonita mas, lá de cima do camelo, é difícil conseguir-se a quietude suficiente para o fotografar sem tremer!

E ficou noite!

Quando chegamos às tendas a comidinha esperava-nos!

Oh quanta alegria! É que depois de almoçar pouquinho, andar de moto e depois de camelo, dá cá uma fome!

E serviram-nos 2 tajines gigantes de frango, deliciosas!

E lá estávamos todos muito contentes a encher-nos de comida!

Lá fora os Tuaregues entoavam canções e tocavam bombos à luz de candeeiros engalanados em caveiras de camelo

E fui para o “meu” quarto dormir!

Os outros ficaram ainda em volta da fogueira, juntamente com outros hóspedes das tendas

Fim do 5º dia de viagem…

6. Marrocos 2012 – Ouarzazate

3 de Abril de 2012

O dia amanheceu meio cinzento e fresquinho. As nossas motitas tinham pernoitado na esplanada coberta e fechada do hotel Marmar, uma delicadeza que a gente aprecia sempre!

É sempre mais fácil arrumar as tralhas na moto quando ela está arrumadinha e abrigadinha!

Aqueles pequenos-almoços com o delicioso sumo de laranja, são imperdíveis!

E não resisti a fazer a mesma brincadeira do ano passado e fotografar a pequena cidade formada pelos porta-chaves dos quartos! Muito giros!

Então fomos até ao centro antigo de Ouarzazate, que eu queria muito visitar desde o ano passado.

(Ouarzazate é chamada a porta do Deserto e fica entre as montanhas e os oasis do vale do Dadès e do vale do Draa.)

A muralha da Medina é visível da rua, como uma fortaleza!

E na frente da rua, a Kasbah de Taourirt…

La Kasbah de Taourirt é uma das mais belas construções arquitetónicas da cidade. É incontornável, impossível de ignorar, porque se impõe como uma fortaleza!

Esta construção bérbere impressiona pela sua massa enorme cheia de detalhes decorativos e pitorescos. Ela é semelhante a um grande castelo de areia do deserto!

Este ano eu não poderia deixar de a visitar… acho até que tirei esta foto igualzinha à do ano passado! Visitamo-la com um guia todo catita, meio ator de cinema (segundo ele dizia) e que contou uma série de pormenores sobre a história do local e sobre Marrocos e sua história e costumes. Foi giro!

A Kasbah de Taourirt servia de palácio ao Pacha de Marrakech, Thami el Glaoui, que se insurgiu contra o rei Mohammed V quando Marrocos era um protetorado francês.

Os pormenores das torres são lindíssimos !
Dizem que os materiais e técnicas de construção usados naqueles « castelinhos de terra » é ecológica, está a ser estudada e planeia-se o seu uso noutros pontos do planeta, pois não deixa resíduos por isso não destrói o ambiente em seu redor ! Espantoso heim ?

E o guia dispunha-se a contar-nos histórias por horas a fio, e a gente até as ouviria se não tivesse metade do grupo à porta à nossa espera !

Então o Pacha tinha 4 mulheres e uma infinidades de filhos, por isso o palácio tinha de ser grande e organizado. Ter muitas mulheres era sinal de grandeza económica, pois ele tinha de as sustentar, a elas, aos filhos e a todos os empregados necessários para manter toda a vida da Kasbah em ordem! E ainda há quem se queixe de ter de aturar uma mulher ou um marido !

As janelas são em baixo porque as mulheres passavam a vida sentadas e aninhadas no chão e assim poderiam ver facilmente para fora !

E por elas viam o resto do palácio e a Medina ao fundo, também de casas de barro!

Taourirt é o nome da aldeia onde foi construída a la Kasbah. Esta aldeia foi fundada no sec XII e a Medina chegou até nós habitada e pode ser visitada!

Até o ninho da cegonha é bizarro!

Ora veja-se de perto! Parece que tem vários andares não?

Os pormenores da Kasbah são lindíssimos vistos de perto! Tão simples e tão imponentes!

Os interiores foram restaurados e ainda se podem ver tetos trabalhados em madeira de cedro.

E desculpem-me, mas fiquei encantada com alguns recantos e pormenores!

Acho que aquela gente andava sempre aninhada, pois todas as portas são pequenas e baixas!

A forma como se sustenta um primeiro andar numa casa de barro também me aguçava a curiosidade!

Tanto Ouarzazate e a sua Kasbah de Taourirt, como a Kasbah deAït Benhaddou, são Património da Humanidade reconhecido pela Unesco e ambas fazem parte da Cidade do Cinema e foram cenário de diversos filmes!

E fomos visitar a Medina medieval!

Curioso o pormenor das “caleiras”, tubos que afastam a água das paredes das casa, para que estas não se dissolvam com o cair continuo da agua! E mesmo assim as paredes são fortificadas em todo o possível percurso das águas que possam cair conta elas! Muito giro!

Na praça central preparam-se para lavar um grande tapete! As casas não têm condições para estas lavagens!

Ali ao lado, a farmácia de produtos naturais. Dizia o guia que, com o preço elevado dos medicamentos, os povos continuavam a recorrer a medicina tradicional!

Ali vende-se de tudo: chás, poções, pós, pigmentos, pedras, sabões e eu sei lá que mais!

Andamos por ali literalmente a cheirar uma série de frascos!

Acho que o Luis cheirou algo que não devia e transformou-se num deles!!

Curiosos os pormenores da vida na Medida, homens mais novos cuidam dos homens mais velhos! Ali faziam a barba a um velhote!

Naquela terra ninguém pode engordar muito, ou não passará em algumas portas e ruelas!

Estava na hora de ir embora pois o dia não acabaria ali!

(continua)

5. Marrocos 2012 – Aït-Ben-Haddou, a cidade dos filmes!

(1 de Abril de 2012 – continuação)

E a viagem continuou!
Foi só pegar nas motitas e regressar à estrada!

Atravessar a trapalhada de trânsito de Marrakech

E seguir por estradas e caminhos cheios de coisas curiosas para ver, a caminho de Ouarzazate.

Em qualquer curva do caminho a paisagem é deslumbrante!

Embora as nuvens negras não nos largassem nem um momento!

E pimba, um pouco mais de chuva!

Acabamos por perceber que os modestos 21 graus que tínhamos tido em Marrakech eram o pouco e ultimo calor que teríamos por muito tempo, já que começávamos a subir o Atlas e para cima é cada vez mais frio! Já para não falar da chuva que, tocada a vento, se estava a tornar uma chatice! A melhor maneira de superar aborrecimentos é parando para comer, pois então!

Parecíamos adolescentes a brindar com sumo de laranja!

Comemos umas tajines deliciosas!

A Ângela estava com tanto frio que se foi aconchegando com a minha extraordinária camisola térmica da Bering (deixa-me fazer publicidade a ver se ganho alguma coisa!)

A bem dizer estava toda a gente com frio, mas não havia mais camisola para emprestar! Eheheh

E continuamos a nossa subida! No ano passado quando passamos ali no sentido contrário, foi muito mais fácil fotografar! Este ano até estava difícil de ver, quanto mais fotografar!

Vislumbramos um pouco de neve no topo dos montes mais altos, mas a chuva não a parecia deixar fixar-se muito tempo!

As paisagens são imperdíveis por ali e eu só tinha pena que a chuva não me permitisse fotografar mais à vontade!

Podiam-se ver pequenos recantos aninhados no sopé dos montes lindos!

Havia momentos em que quase parava para fotografar, outros em que tinha de parar mesmo!

Até que toda a gente parou também! Foi quando estiveram a negociar pedras e pedrinhas, daquelas pretas por fora e super-coloridas por dentro!

Outros acabaram por encontrar o wc mais bonito das suas vidas!

Outros aproveitaram para brincar um pouco para a foto!

Outros brincavam mesmo tirando fotos!

As negociações duraram um bom bocado!

Foi uma animação e acabamos por ir todos embora cheios de pedrinhas, mas não pedrados!

E as paisagens sucediam-se deslumbrantes!

Com casinhas periclitantes na berma da estrada!

Paragem para abastecer, que o Tonica já levava a motita alimentada a vapores!

E fomos descobrir um recando do paraíso que no ano passado apenas vimos ao longe ao passar!

Os pequenos pormenores da paisagem até lá já são lindos!

Mas o destino era mesmo Aït-Ben-Haddou, uma cidade fortificada no Alto Atlas, muitíssimo antiga e onde foram rodados diversos filmes.

Eu tinha de ver aquilo tudo com calma!

O grupo estava cansado e apenas 3 viajantes me acompanharam na visita à cidade, mas comprometi-me a fotografar tudo para mostrar!

A cidadezinha cresceu do outro lado do rio Ounila, que é afluente do rio Ouarzazate, de onde se pode ver a aldeia na colina em frente.

As lojinhas são rusticas no caminho do rio

E lá estava Aït-Ben-Haddou, a cidade fortificada, onde foram filmados diversos filmes conhecidos, entre eles: Lawrence da Arábia, A Múmia, Gladiador, Alexandre e Príncipe da Pérsia.

A travessia do rio é feita por caminhos muito curiosos!

Sacos de areia fazem o “caminho das pedras” que não seriam tão seguras e imoveis naquele lugar!

Visto da ponte/caminho o rio tem o seu encanto exótico!

Olhando para trás…

O rio é largo, e novo caminho de sacos de areia leva-nos ao outro lado

A cidade fortificada (ksar) na realidade é composta por castelinhos a que chamam kasbahs feitos de terra, isto é de barro cru!

Estas casinhas, que chegam a ter mais de 10 metros de altura, são feitas de barro, misturado com água e palha moída, secos ao sol em moldes de madeira!

Algumas torres mostram bem a erosão do tempo e da chuva sobre o barro

Mas se pensarmos que estamos numa cidade fundada no seculo VIII temos de admitir que o material é bem mais resistente do que pode parecer à primeira vista!!

Fiquei deslumbrada em todo o meu percurso pelas ruelas ingremes da aldeiazinha…

Até os gatos parecem condizer com o tom das paredes e do chão!

Acho que o João, o Elísio e a Ângela também estavam a gostar da visita!

Lá de cima a paisagem era deslumbrante! Podia-se ver as duas partes da cidade atravessadas pelo rio e o oásis verde a perder de vista…

Há uma ponte lá em baixo, que liga a cidade nova à aldeia antiga, mas o caminho da areia é muito mais giro!

Pertinho de mim eu estudava como eram construídas as casas e os muros! Além de palha usam também as camas para dispersar a agua nas bermas dos muros!

E os pormenores decorativos que dão todo o encanto às torres ligeiramente inclinadas.

O que me estava a custar ir embora dali!

Então levantou uma ventania e eu não fiquei mais para trás! O pó daria cabo da máquina fotográfica se eu não tivesse cuidado!

E lá seguimos o nosso caminho, agora sim para Ouarzazate!

Voltamos a ficar no hotel Marmar, o mesmo do ano passado, e ainda se lembravam de nós! Tal como no ano passado pedimos uma ajuda para encontrar um restaurante para jantarmos e desta vez jantamos bem e num sítio giro! Tivemos direito a boleia de carro em 2 grupos e tudo!

No restaurante tivemos também direito a ambiente simpático e tratamento vip!

E direito a chapeuzinho e tudo!

A música ao vivo também não faltou!

Mas a verdade é que a vida do homenzinho era muito mais interessante que a sua cantoria!

A comidinha era do melhor! Tanto as tajines

como os couscous!

O regresso foi feito caminhando e apreciando a cidade à noite!

E foi o fim do 4º dia de viagem!

4. Marrocos 2012 – A Medina de Marrakech!

1 de Abril de 2012

No dia seguinte soubemos, logo ao pequeno-almoço, que o Leonardo não estava nada bem! Tinha levado a moto até ao hotel no dia anterior, tinha dormido bem durante a noite, até se mexer e sentir a dor no ombro!

Trazia o braço ao peito e percebia-se facilmente que não poderia continuar a viagem connosco! Uma pena!

Fiquei agradada com sua tranquilidade, do Leonardo e da Mila, dada a situação desagradável em que se encontraram de repente, mas a verdade é que a forma como se encara uma situação pode tornar menos penosa a sua resolução! Eles iriam acionar a Assistência em Viagem, o Carlos e a Paula ficaram com eles para os apoiarem naquele momento, enquanto o restante grupo partia para explorar a Medina de Marakech.

Estávamos instalados no mesmo hotel do ano passado, lá de cima podia ver a piscina que não tinha visto no ano anterior!

E lá fomos para a Medina!

Fomos recebidos com a maior azafama logo no exterior, com uma série de pessoas a passar em todas as direções!

Mas o carrinho do pão é que me encheu as medidas!

Atenção que aquele pão é uma delícia! Quero lá saber porque sítios ele anda, comi-o sempre em abundancia!

Eu gosto muito da Medina de Marrakech! É giríssimo atravessá-la, cheia de movimento, de gente de todo os tipo e com todo o tipo de produtos em venda!

O que me fascina naquela Medina é a diferença de ambientes que de repente se vive!

Depois, no meio de tudo o que se vende, há uns espaços “à parte”!

Logo ao lado volta-se ao real, com burricos e tudo!

Encontram-se mulheres vestidas de todas as formas, até as cobertas até aos dentes!

Ao lado de outras vestidas de ganga e iguaizinhas às nossas de cá!

Chagamos à mesquita, a Koutoubia! A grande mesquita e maior edifício da cidade!

Achei muita piada os pombos enfiados em todas as reentrâncias da parede da Mesquita!

Os pormenores decorativos do edifício são curiosos! Aliás, os pormenores decorativos fascinam-me naquele país, onde as casa podem estar todas velhas, todas podres ou meio inacabadas, às vezes até sem pintar, mas têm sempre uns requintes decorativos aqui ou ali que até destoam por vezes!

Essa constatação levavam-me a comparar essa realidade com um mulher feia, velha, suja e mal vestida, mas que põe rímel nos olhos!!!

As portas decoradas e recortadas… espera aí, tem gente na frente!

Deixa ver de perto quem é! Grande par, Tonica e Ângela, tão queridos!

Andamos ali a inspecionar a Mesquita em todos os ângulos, já que visita-la estava fora de questão.

E cá estamos nós, o grupo desfalcado de 4 elementos!

Em volta da Mesquita não falta espaço, a contrastar com o aperto da Medina!

A praça Jemaa El Fna fica logo ali ao lado e fomos até lá! É a praça onde tudo acontece e tudo se pode encontrar!

Motos, motinhas e biclas é coisa que não falta por ali

A questão que eu punha era parecida com a que pus em Amesterdão: se seu pousasse ali a minha mobilete como a iria reconhecer no meio de tantas?!

E chegamos à praça!

Àquela hora da manhã o movimento ainda não é caótico, mas já se encontram uma série de coisas interessantes!

O Elísio não resistiu a ver se era possível alguém enforcar-se com uma cobra!

Os bichinhos eram simpáticos, giros e inofensivos!

E o homem não fazia ideia de com que se metia a negociar o preço da “voltinha na cobra”!

É que o Elísio regateia para caramba, para depois dar uma gorjeta maior do que o preço que paga!

O Luis andava simplesmente fascinado com o sumo de laranja natural lá da terra! Voltou a falar dele por diversas vezes ao longo da viagem! E tinha razão, pois era divinal!

A Ângela foi brincar de vendedora e que bem que ela ficava ali no meio!

Eu passaria uns dias ali em Marrakech! Gosto daquilo, desde o ano passado!

Com todas as tralhas que ali se vendem

Os cheiros, sabores e cores!

E os pormenores cheios de requintes decorativos, como as portas que tanto me fascinam!

Ao lado do caos, a ordem na apresentação dos que se tem para vender!

Os pormenores do que se oferece.

E o caos de novo!

Aquela Medina é um mundo de emoções fortes!

Estava a ver que a emoção mais forte do dia seria quando me vendessem por objetos de latão, já que ali não havia camelos, quando o Elísio teimou em convencer o moço de que eu era não sei quê a não sei quem e tinha uma moto não que mais!

Tudo se vende por ali!

Nunca resisto a espreitar nos pátios e de vez em quando encontro um giro, nem sempre cheio de sucata!

E estava na hora de voltar ao hotel.

Não sem por o olho a tudo com que me cruzo!

Quando chegamos ao hotel a moto do Leonardo esperava à porta que a viessem buscar… era o fim de viagem para ela e seus ocupantes!

E nós prepararmo-nos também para partir, sem nem nos despedirmos deles pois estavam no hospital por aquela hora.

(Continua)