55 – Passeando até à Suiça 2012 – Troyes… ou a cidade das 10 igrejas!

27 de Agosto de 2012

Naquele dia seguiria para norte, como inicialmente previra, antes de mudar os meus planos e desviar-me do meu caminho! Seguiria para a Bélgica mas não sem antes catar todos os recantos de Troyes!

Não foi por acaso que eu decidi pernoitar em Troyes!
Há muito tempo que a cidade estava na minha lista de “imperdíveis”!
Trata-se de uma cidade muito antiga e cheia de habitações e igrejas medievais! Nem eu imaginava quantas!

Passeia-se um bocado pela cidade e parece que em cada esquina há uma catedral! Não é por acaso que lhe chamam “La ville aux 10 églises” (a cidade das 10 igrejas!)

A primeira que procurei, seguindo a sua torre por cima das casas, foi a própria catedral dedicada a São Pedro e São Paulo: Cathédrale de Saint-Pierre et Saint-Paul.

A catedral gótica do séc. XII foi vitima de tudo e mais alguma coisa! Diversos fenómenos naturais e “erros” humanos provocaram momentos de destruição no belo edifício, desde guerras, invasões, tufões, tornados e raios que lhe caíram em cima!

Mas conseguiu chegar até nós linda e de novo a precisar de restauro, que está em curso no momento!

Das coisas mais bonitas no gótico são as “paredes de vidro” onde os vitrais provocam os efeitos mais extraordinários com a luz exterior!

Quem vê a igreja por fora não imagina a sua grandiosidade e beleza interior!

Embora seja um edifício remarcável!

Dá-se-lhe a volta e encontram-se edifícios extraordinários, bem antigos!

E outra igreja gótica, a igreja de Saint Nizier, do séc. XVI. Está meio em mau estado e a clamar por restauro!

O que vale é que, pelo que soube, a cada ano um novo edifício entra em fase de restauro e esta igreja já tem vestígios disso pelos andaimes que estão parcialmente colocados!
Não a pude ver por dentro pois estava fechada!

Segue-se mais um pouco pela rua e encontramos mais uma igreja gótica: a Basilique de Saint-Urbain, do séc. XIII

Começada a sua construção no séc. XIII, demorou 8 séculos mais a ser concluída, porque o dinheiro era pouco. Hoje é dedicada a Saint Urbain, o padroeiro da cidade.

Visitei-a demoradamente por dentro, rodeei-a pelo exterior. As suas gárgulas são curiosas, criaturas humanoides, mais do que monstros.

E há momentos que uma camara capta e que não temos a certeza se foi realmente capaz de o fazer! Momentos de rara beleza e demasiado fugazes para que o olho humano memorize e retenha… Trouxe comigo o voo do passarinho!

E o interior era surpreendente!

Mais uma vez aqueles tetos altos, com paredes iluminadas por vitrais, me fascinaram!

As casinhas em redor, e por todo o lado, parecem irreais e saídas de livrinhos infantis!

Mais à frente fica o centro mais “compacto”, em termos de construções medievais extraordinárias!

Casas lindas, boa parte delas do séc. XVI, em madeira ou com os travejamentos exteriores, casas de estuque e lindas de ficar demoradamente a olhar para elas!

Ruelas estreitinhas, como a “Ruelle des Chats” (Ruela dos Gatos)

E pimba, mais um igreja: a Eglise de Sainte-Madelaine, a mais antiga de Troyes, do séc. XII. Inicialmente em estilo românico e posteriormente, no início do Séc. XIII, remodelada já em estilo gótico que acabava de aparecer na França!

O seu jardim já ganhou o prémio das cidades floridas! Na realidade ele é bonito e original já que os corredores para as pessoas passarem, em vez de serem de terra batida ou empedrados, são relvados!

Do jardim pode-se apreciar a construção em redor!

O interior é extraordinário!

O coro e a abside em gótico flamejante, provocam um efeito de grandiosidade e estranheza!

Fiquei ali a olhar!!

Lá fora as ruelas continuam de regresso à cidade histórica, deslumbrantes!

Para encontrar mais à frente a Eglise de Saint-Jean-au-Marché, gótica do séc. XIII, (igreja de São João do Mercado) porque fica no meio da cidade medieval, onde se faziam grandes feiras!

Não a visitei por dentro porque estava fechada! Na realidade está a ser restaurada aos poucos de acordo com patrocínios que vão sendo angariados…

Pela parte que já está pronta, pode-se ver que deve ser muito bonita e vale a pena preservar!

E vi 5 das 10 igrejas de Troyes, apenas aquelas que “se atravessaram no meu caminho”!

A cidade ficou-me no coração pela beleza antiga que encerra e desejei voltar a visita-la de novo um dia!

Entretanto segui o meu caminho pela França profunda, como eu gosto de chamar à imensidão dos campos e searas sem fim, até Reims!

(continua)

54 – Passeando até à Suiça 2012 – Luxemburgo e Verdun… o campo de batalha…

26 de Agosto de 2012 – continuação

Luxemburgo é um país surpreendente que ainda hei de catar devidamente um dia destes. Naquele dia eu apenas queria dar uma volta pela cidade de Luxemburgo, que conhecia apenas de passagem e sabia que tinha encantos que mereciam ser visitados!

Como a catedral de Notre-Dame, do início do séc. XVII, num estilo gótico tardio já com elementos renascentistas.

Estava em missa, mas ninguém impedia as pessoas de entrarem e admirarem a construção.

A igreja é muito bonita, sendo já uma mistura de estilos contem elementos decorativos curiosos que não existiram se fosse apenas gótica.

Muito bonita e eu ainda não a tinha visto por dentro por a ter encontrado sempre fechada!

Depois andei pela zona antiga da cidade, que circunda a catedral. Uma zona muito animada e cheia de turistas, o que contrastava com a última vez que ali estivera e que não havia vivalma na cidade!

Luxemburgo é uma cidade encantadora com o mesmo nome do país de que é capital e lá, na zona baixa da cidade, fica o também encantador Chemin de la Corniche, um percurso pedestre, conhecido como “a varanda mais bonita da Europa”. Era lá que eu queria ir!

Passeia-se por ali, por caminhos ora escavados nas rochas, ora pela borda do rio Alzette ao longo das muralhas da cidade velha e das fortificações construídas pelos espanhóis e austríacos no século XVII.

Lá em baixo no vale de la Corniche a perspetiva do desnível é deslumbrante, enquanto se passeia por entres as casas de pescadores de outros tempos.

Cá em baixo fica o Grund, um dos distritos de Luxemburgo, que se divide em duas zonas sendo a outra a zona alta da cidade.

A Abadia de Neumünster domina a paisagem, cá em baixo. Inicialmente românica, mas depois de diversas destruições e reconstruções, chega até nós numa mistura de estilos!

No “meio” entre o Grund e a cidade alta, fica uma série de cavernas, caminhos escavados e as Casemates, que são património da Humanidade, cá de baixo podem-se ver as aberturas nas rochas.

Enquanto as pessoas se apinhavam lá em cima nos percursos e nas casemates, eu passeei-me cá em baixo, completamente só no sossego da margem encantada do rio Alzette.

A abadia é também um centro cultural e ainda tive direito a visitar os seus claustros e uma belíssima exposição de fotografia de viagem!

Voltei a subir à cidade alta, porque o meu fascínio estava lá em baixo e de outra perspetiva é sempre encantador!

De cima podia ver os caminhos que percorrera cá em baixo na margem do rio e a abadia e o centro cultural.

Adorei a cidade vista desta perspetiva! Valeu a pena dar a volta ao meu caminho e passar por lá!

Mas o meu objetivo ao desviar-me não era apenas este destino… havia algo que eu queria ver ainda, mais à frente e num contexto completamente diferente!

Há 2 anos andei a passear por campos de batalha da Segunda Grande Guerra, desta vez andaria por campos de batalha da Primeira: Verdun!

Ainda parei em Esch-sur-Alzette, pois sabia que lá existia uma catedral espetacular… mas estava fechada!

A cidade é bonita e uma das maiores do país, mas o tempo estava uma bosta, o ambiente sombrio e desértico e eu deixei para visitar noutra altura… coisas que me dão!

A minha Magnífica a espreitar para mim por trás de uma arvore! 😀

Peguei nela e segui para o sol e para a guerra…

A Batalha de Verdun foi uma batalha terrível, entre franceses e alemães, que durou quase todo o ano de 1916.

Andar por ali teve em mim um efeito próximo do que teve visitar Auschwitz… cheira a morte, quase 100 anos depois e os monumentos, marcos, lapides e todo o tipo de memórias de morte, multiplicam-se por quilómetros e quilómetros da área que foi o grande campo de batalha…

Aldeias “destruídas” na batalha são relembradas em capelas e placas…

Fiquei chocada quando, ao seguir as placas que indicavam uma aldeia destruída e ao chegar lá…

Tudo fora reduzido a placas e a espaços nus por entre a relva… como se cada casa desaparecida tivesse dado lugar a terra queimada onde nada nasce, nada cresce!

E tudo é silêncio por ali ainda hoje!

Na época calculava-se que tivessem morrido mais de 700.000 homens, entre franceses e alemães…

O que faria uma média de 70.000 mortos por cada mês de guerra…

Numa batalha que foi a mais longa e a mais sangrenta daquela guerra e de toda a história militar!

Hoje pensa-se que o número de mortos foi mais elevado que o estimado na época… para mais 250.000…

O Ossuário está em restauro, bem como o extenso cemitério militar… não entrei no Ossuário…

“A batalha de Verdun – 21 de Fevereiro – 18 de Dezembro 1916, 300 dias e 300 noites de combates ferozes, terríveis. 26.000.000 obuses disparados pela artilharia, sendo 6 obuses por metro quadrado, milhares de corpos mutilados, cerca de 300.000 soldados franceses e alemães considerados desaparecidos.”

“O ossuário mantém dentro de si os restos de soldados mortos no campo de batalha, a fim de preservar sua memória.”

Ali ao lado fica um monumento para os soldados muçulmanos que morreram na batalha.

Por todo o lado é frequente encontrarmos zonas de relvado ondulado que são trincheiras, espaços ocos, onde os homens se protegiam…

E o Fort de Douaumont, o maior da região de entre os 38 fortes construídos nos últimos 25 para proteger a linha fronteiriça numa área de 40km em redor de Verdun… era novo quando começou a batalha de Verdun…

Ao entrar ali percebe-se que ser soldado não era muito diferente de se ser prisioneiro!

500 homens viviam ali, por baixo de terra, sem grandes condições e numa guerra permanente, já que os ataques alemães eram intensos!

A “Tourelle de 155mm”

As casas de banho…

e uma cidade subterrânea e húmida…

e podia-se descer mais pelo abismo!

Os lavatórios, cheios de estalactites do tempo e da humidade!

Ao fundo a capela…

Atrás da cruz branca estão os corpos de 400 soldados franceses e 30 alemães mortos no forte…

O ambiente torna-se pesado, não pelo cheiro ou pela humidade, pois curiosamente não cheira a nada nem sequer à humidade! É a história que pesa no coração da gente!

Cá fora estava sol e subi ao topo do forte, que não é muito alto…

E por ali se entende o ondulado da relva, sabendo o que está por baixo!
As Tourelles…

Furos de balas nas carapaças das Tourelles…

Ainda passei por outra aldeia destruída, Vaux…

E fui-me embora, por entre mais memoriais e mais lápides de mais trincheiras…

Até só ver cemitérios de quando em quando…

Depois foi o vazio e a imensidão e fui andando, ainda com o coração oprimido pela viagem ao passado, tão presente ali…

Uma paisagem infinita e infinitamente bela serena-me sempre o coração e naquele momento era tudo o que eu precisava!

E parei para dormir em Troyes…

E foi o fim do vigésimo oitavo dia de viagem… sem conseguir evitar de falar e mostrar tanto de um dia que me ficou para sempre na memória… sorry!

53 – Passeando até à Suiça 2012 – Nürburgring

26 de Agosto de 2012

Por estranho que pareça, quanto mais a viagem avança, maior é a sensação de não ter visto tudo o que queria, a sensação de que deixei para trás tanta coisa fantástica e de que não conseguirei ver tudo o que poderia aproveitar para ver em cada zona onde passo!

De repente o tempo parece tão pouco e tanta coisa que quero ver!

É nesses momentos que me apetece não parar nunca de viajar e continuar eternamente na estrada!

Ao mesmo tempo sinto-me uma desnaturada, que não tem saudades do seu país, apenas da sua gente! É nesses momentos também que eu me deixo levar pelo que a vontade me dita, rapo do computador, ligo-me à net e reformulo percursos e mudo reservas e no dia seguinte parto noutra direção!

Foi o que por aqueles dias fiz e, em vez de seguir para norte… desci para o Luxemburgo!

Segui em direção a uma terrinha pequena e discreta que contem um circuito mítico!

O Autódromo de Nürburgring é um circuito na cidade de Nürburg a pouco mais de 50 km de Koblenz. Tinha estado a falar sobre ele com o dono do Hostel onde dormi e decidi lá passar.

Andei por ali a catar. Na cidadezinha não faltam carros desportivos a alugar para quem quiser participar nos famosos “track days”, do circuito!

O circuito foi construído em 1927 e foi a sede anual do Grande Prémio da Europa de Formula 1 até 2007.

Dei-lhe a volta por fora, ouviam-se máquinas em velocidade, eram motos!

Havia por ali uma série de motos estacionadas, os seus tripulantes deviam ter entrado a pé! Mas aquilo tinha ar de ser longe o suficiente para eu ter de caminhar um bom pedaço, por isso arrisquei ir de moto! O pior que me podia acontecer era mandarem-me para trás! Ninguém mandou e eu segui!

Havia motociclistas por ali a pé, com os capacetes no braço… ficaram a olhar para mim mais a minha motita! Pus-me a ver a corrida!

Não sou pessoa de me pôr muito tempo a ver as motos passar, por isso fui cuscando um pouco por ali

E segui o meu caminho na direção de Luxemburgo, que o dia prometia ser longo!

(continua)

52 – Passeando até à Suiça 2012 – Bonn e Köln

25 de Agosto de 2012 – continuação da continuação

Era cedo, já tinha visto o nque queria e o resto do dia estava por minha conta!

A escolha foi rápida e óbvia, embora repentina! Sempre que passava por “aquelas bandas” e via as placas a dizer Bonn, pensava para mim que da próxima vez teria de lá passar! E foi desta!

Nunca pesquisei se a cidade era bonita ou não, mas era um nome que trazia na mente e, só por isso para mim, valia a pena visita-la.

Afinal é a terra natal de Beethoven e foi a capital da Alemanha ocidental – RFA, durante a divisão do país em República Federal e República Democrática, enquanto Berlim leste era a capital da RDA.

No outro extremo da Marktplatz fica o edifício barroco da rathaus antiga, que assistiu a grandes momentos da cidade, sendo muito danificado durante a guerra. Hoje está lindo depois de restauro profundo e de boa manutenção!

Logo ali ao lado fica a Münsterplatz

e a Catedral, um magnífico exemplar de arte românica no vale do Reno e uma das mais antigas da Alemanha, construída entre os séculos XI e XIII.

Que tem junto, na parte de trás, duas cabeças descomunais “caídas”!

Faz um efeito ver tamanhas cabeças por ali, como se tivessem caído e rolado de 2 monstruosas esculturas! Claro que quis saber a que propósito ali estavam e encontrei quem me narrasse a história!

Na realidade a basílica foi edificada num local sagrado há mais de 2.000 anos, primeiro como um templo romano e depois como uma igreja cristã e santuário para os mártires Cassius e Florêncio.

Reza a história que dois soldados cristãos romanos estacionados na Castra Bonnensia, Cassius e Florêncio, foram martirizados por causa da sua fé.

Então ali foi construído um pequeno santuário/memorial junto dos seus túmulos no século IV, por Helena, mãe do imperador Constantino. Não há sinais desta primeira estrutura, mas as escavações arqueológicas mostraram que a basílica fica no local de um templo romano e necrópole.

As duas esculturas são por isso as cabeças dos dois Santos Cassius e Florentius ali decapitados.

A igreja em si, desiludiu-me um pouco, à primeira vista, por causa das luzes pirosas que lhe davam um ar de igrejinha de aldeia com enfeites meio de gosto duvidoso, que dão um ar “de plástico” ao edifício….

Mas depois da gente se habituar às cores fortes de semelhantes luzes, conseguimos ver a construção em si, e essa é bonita!

A cripta fascinou-me muito mais com o seu ar e luminosidade sóbrios e naturais!

A luminosidade da igreja fazia lembrar a luz negra das discotecas, mas vista cá de baixo da cripta, até ficava curiosa!

E a estatua de Helena, que é santa, a mãe do imperador romano. Diz a lenda que ela encontrou a cruz de Cristo em Jerusalém e por isso aparece sempre representada com ela.

Tanta história e tanta igreja dá cá uma fome que tratei de me juntar a mais uma festa, ali mesmo em frente à catedral, para me encher de cachorros e cerveja, no meio da animação popular, que aqueles alemães parece que passam o mês de Agosto em festa!

Quando dei por mim já falava com gente que nem inglês sabia falar direito! Eheheh

Na outra ponta da festa ficava o edifício antigo dos correios com a estátua de Beethoven em frente, erigida aquando da comemoração dos 75 anos do seu nascimento, em 1845, apenas 18 anos depois do seu falecimento…

E era minha obrigação, pelo menos, passar na sua casa, já que ali estava! Já estive na casa de Mozart, em Salzburgo, na de Bach, em Leipzig e agora acrescentaria a de Beethoven, em Bona!

E lá estava a cara do génio pintada numa parede!

E o museu, mesmo na porta ao lado daquela que foi a sua casa durante os primeiros vinte e tal anos da sua vida, até partir para Viena!

A casa é gira e está bem conservada, mas eu não a visitei. Fica para outra vez, pois estava a fechar!


Ora, podia ser tarde para visitar a casa e o museu de Beethoven, mas era cedo para ir para casa, por isso continuei o meu caminho até Köln.

Voltei a Colónia, à catedral que parece que chama por mim e que volto a visitar a cada passo! Esta construção imensa, que na época em que foi concluída “destronou” a catedral de Estrasburgo como edifício mais alto do mundo, possui uma nave extraordinária com 43 metros de altura, contra os 32 da nave da outra catedral!

E são 11 metros mais de grandiosidade e espanto, que me fazem andar por ali de nariz no ar até à vertigem!

Começou a ser construída em 1248 e só foi concluída em 1880, 632 anos depois. Sobreviveu, milagrosamente à violência da II Grande Guerra que quase a derrubou, quando foi bombardeada por 14 vezes, mantendo-se de pé, no meio dos escombros da cidade derrubada!

É verdade que a catedral não ruiu e, se virmos imagens da época, nem dá para entender porquê, já que parece o único edificio de pé, numa cidade em ruinas! 😮

É um dos edifícios góticos mais espantosos que conheço!

Dizem que alberga os restos mortais dos 3 reis magos e, embora já lá tenha ido por diversas vezes, ainda não consegui vê-los! A área está sempre “indisponível para visita! Naquele dia estava a decorrer uma celebração com direito a coros e nem se podia entrar verdadeiramente no espaço principal da igreja. Ou íamos rezar, ou ficávamos na ponta da igreja, do lado de fora dos cordões de proteção, devidamente guardados por padres de vermelho, ou acólitos ou lá o que eram!

Está a ser limpa por partes e tem uma das torres parcialmente empacotada para esse trabalho

Decidi ir passear um pouco para fazer horas e passar pela “casa das bolas”, onde sempre vou comprar 2 bolas de Berlim muito fixes! Já é ritual, a cada vez que ali passo! 😀

E andei por ali a lambuzar-me com as bolas de Berlim, que eu não sou apreciadora de bolos, mas tenho as minhas exceções: como bolas quando vou a Colónia!

A fachada da catedral é vertiginosamente alta e a gente sente-se bem pequenininha cá em baixo!

Em frente da catedral está edificado, como se de uma escultura normal se tratasse, um florão igual aos que estão colocados lá em cima, no topo das torres, e é enorme, conforme se lê nas placas explicativas escritas em todas as línguas sobre a sua base:

Lendo-se a placa percebemos que cada florão mede 9.50 metros de altura por 4.60 metros de largura! Faltava saber quanto pesa… e acho que toda a gente se afastaria das torres, só de imaginar uma coisa de toneladas lá no topo!

Olhamos para ele no chão e custa a crer que os de lá de cima sejam tão grandes!

Então pus-me a tentar apanha-los com a máquina fotográfica!

E lá estavam eles no topo do bico florido! Como terão levado semelhante coisa lá para cima era o que eu gostava de ver!

Voltei à catedral a ver se já podia fazer uma visita aos reis magos…

A celebração estava a acabar e não deixavam passar para trás do altar, onde está o cofre com os ditos senhores!

Seria uma coisa parecida com esta mas muito maior o que eu procurava! Está mesmo atrás do altar-mor…

Mas, mais uma vez não deixavam passar! Ainda não foi desta que eu consegui ver o relicário…

Ainda dei uma olhada à flecha da catedral, estava rodeada de andaimes.
Um dia eu voltarei lá… quando ela estiver totalmente limpa e aí talvez eu possa passar para trás do altar…

Voltei direitinha para Koblenz, que estava a ficar de noite!

Fim do vigésimo sétimo dia…

51 – Passeando até à Suiça 2012 – Burg Eltz

25 de Agosto de 2012 – continuação

Ali perto fica uma das coisas que me levou até Koblenz: o Burg Eltz.

Eu passara lá perto no dia anterior mas não o quis visitar a correr ou vê-lo apenas de longe. Achei que merecia uma visita mais cuidada e sem pressas e foi nas calmas que percorri os trinta e tal quilómetros, de Koblenz até ele!

O Burg Eltz é apenas um dos castelos mais belos da Alemanha e fica na margem do rio Eltz, um afluente do Mosel.

A gente chega ao ponto onde não pode continuar mais, nem de carro nem de moto, e tem de continuar a pé. Não há sinal do dito castelo que, contra o esperado, não está lá em cima de monte nenhum!

Pelo contrário, a gente começa a caminhar e começa a descer! E só depois de ter descido um bom bocado, pela rua íngreme e ladeada de vegetação em que nada se vê, além da rua e das árvores… ele aparece numa curva, lá em baixo!

E está realmente sobre um morro, no fundo do vale! Visão extraordinária!

Há um furgão que faz a descida, para quem quiser pagar 2 €, naquele momento eu agradeci a minha própria forretice de não os ter querido pagar e ter descido caminhando, porque não teria tido esta visão, que nos acompanha à medida que nos vamos aproximando! Tirei meio milhão de fotos, claro!

Parece um castelo de brincar, retirado das histórias de príncipes e princesas!

O castelinho terá a sua origem no séc. XII e foi construído sobre uma colina, tomando-lhe a forma oval!

Embora pareça ali escondido, como os mosteiros, para ficar longe de tudo e de todos, na realidade situava-se, à época, numa rota comercial e num ponto estratégico do vale do Eltz, que permitia controlar e vigiar a idas e voltas pela zona!

Ao longo dos anos e dos séculos foi sendo acrescentado, à medida que a família ía aumentando, dado que ele pertence à mesma família há mais de 800 anos: os condes de Eltz.

O atual proprietário do castelo, o Conde e Edler Herr von und zu Eltz-Kempenich assumiu a tarefa de manter o edifício aberto ao público, de garantir a sua riqueza e de passar o castelo à 34ª geração.

Os pormenores são deliciosos e foram mantidos e restaurados chegando até nós como sempre foram. As gárgulas são espantosas!

Os pátios interiores são vertiginosamente lindos, acumulando como em puzzles cada secção do castelo.

Daquele pátio partem visitas guiadas para o interior do castelo.

Por baixo existe um pequeno museu com joias, armas e objetos do dia-a-dia, testemunhas da história dos costumes do castelo e que eu fui visitando enquanto esperava pela visita em inglês.

Havia muita gente para visitar o castelo, o ultimo grupo a começar a visita foi o meu, pois os outros eram em alemão.

Um grupo de sereias com corpo de baleia esperava pela visita, sensualmente, em gargalhadas sexies e comentários languidos e provocantes.

Surgiu-me na mente que, se elas fossem verdadeiramente sexies, teria sido um espetáculo de sedução mesmo provocante!

Curioso que as mais gordas e desajeitadas eram as mais provocantes, com maquilhagens fortes e atitudes meio escandalosas!

Não se pode fotografar dentro do castelo, embora eu tenha feito algumas fotos discretas.

O tempo estava a ameaçar chuva quando terminei a visita, por isso fui tratar de comer e logo se veria o que faria com o mau tempo.

O castelo ainda é parcialmente habitado, mas a parte visitável é grande e bonita, com direito a café e restaurante e tudo!

E claro, provei mais uma cervejola alemã!

Decidi que não faria o caminho de regresso até à moto a pé! Afinal eu já sabia o quanto aquilo fica cá em baixo e, se para baixo todos os santos ajudam, para cima seria uma estafa!

Por isso esperei que o furgão voltasse, paguei o 2 € e subi aquilo rapidamente, sem me cansar nem me molhar, deixando para trás uma pequena porção linda do paraíso!

(continua)