31 – Passeando até à Suiça 2012 – Romont, Moudon e Gruyères – Museu Giguer!

17 de Agosto de 2012

Friburgo é uma cidade que conheço bem e que visitei recentemente por isso serviria mais para “pouso” para dar a volta e ir a uma das regiões do meu coração: La Gruyère!

Claro que o caminho faz-se caminhando, no meu caso rolando, e até, lá fui vendo o que me aparecia na berma da estrada!

Parei logo em Romont para ver a sua Colegiada de Notre-Dame de l’Assomption.

Linda por dentro, muito mais do que prometia por fora!

A cidade é medieval (com origem no séc. X) e a sua Colegiada também, linda e cheia de cor e encanto, gótica do séc. XIII!

Quase em frente fica o castelo chamado de Grand Donjon, pois mais à frente há uma outra torre do Donjon Petit.

Neste Grand Donjon funciona o museu do vitral

Da muralha vê-se ao longe a torre cilíndrica do Donjon Petit.

Em frente fica o parque de estacionamento da cidade, onde eu estacionei e me pus a apanhar sol, que isto de andar sempre de capacete ou chapéu estava a pôr-me a cara de 2 cores: clara de meio para cima e escura de meio para baixo!

Continuei o meu caminho apreciando as paisagens que me apareciam a cada curva do caminho.

Caminhos daqueles que eu gosto, por entre campos alcatifados de verde e quintinhas de contos de fadas!

Ao longe Lucens e o seu Castelo do séc. XIII, faziam da paisagem um cartão postal!

E cheguei a Moudon, mais uma cidade de origem medieval e com os seus encantos e o rio Broye a atravessa-la!

Ruínhas antigas que gosto de percorrer!

Com escolas a funcionar há séculos em edifícios históricos!

E o meu destino estava já ali à frente! O Pays de la Gruyère é uma zona rural de médias montanhas, pois fica nos pré-Alpes, cheia de encanto pelas suas paisagens ondulantes e verdes!

É muito fácil alguém se apaixonar por aquela paisagem encantada e encantadora!

E cheguei à cidade medieval de Gruyères! A cidadezinha visita-se a pé, mas tem parque pertinho, sem que sejamos obrigados a fazer uma longa caminhada até ela!

Deixei a minha motita na conversa com uma série de outras motitas e lá fui, 8 anos depois da minha ultima visita, passear por aquele mundo medieval …

A cidade deu o seu nome à região e ao queijo, um dos queijos suíços mais famosos no mundo!

Ao fundo La Dent de Broc, os montes a lembrar dentes.

A capela Le Calvaire, ao centro da cidade!

Olhando para trás, um outra perspetiva da rua larga, (quase praça) central da cidade, com o Moléson a espreitar ao fundo. Eu tinha de subir àquele monte mais uma vez e seria naquele dia, pois o céu estava limpo e com grande visibilidade.

Mas eu tinha muito tempo por isso havia uma série de coisas a visitar antes de pensar em subir montes! Como o castelo, um dos castelos mais famosos da Suíça!

A sua entrada fica mesmo ao lado do chalé que se chama Chalet, onde se come uma deliciosa raclete e um não menos delicioso fondue de queijo… ui as duvidas que eu iria ter ao escolher o meu almoço ali, umas horas mais tarde!

As casinhas medievais em torno da praça são espantosas e bem conservadas. Parece que recuamos diversos séculos e só falta olhar por mim abaixo e envergar longas saias até aos pés, a condizer com a envolvência!

A cidade foi sendo restaurada e mantida em toda a sua beleza até aos dias de hoje e a verdade é que um bom trabalho foi ali feito!

E lá estava o chalé chamado Chalet! Às vezes que eu já la fui, posso ser considerada uma cliente da casa!

Logo a seguir à porta das muralhas do Castelo de Gruyeres, fica o edifício chamado de castelo de Sainte-Germain, onde fica o museu Giger!

E era ali que eu queria ir! Já há muito tempo que eu o visitara e apetecia-me voltar a ver a obra do grande criador de monstros!

Hans Ruedi Giger, ou H.R.Giger, como aparece referenciado, é um artista suíço surrealista que cria os mundos e personagens mais estranhos e inquietantes que se possa imaginar! Não é por acaso que é tão plagiado!

Foi ele quem criou o monstro e os decors do filme “Alian, o 8º passageiro” de 1972, que lhe valeram um Oscar!

Aquele museu sempre me impressionou pelo pormenor e riqueza coerente decorativa que contem! Aquele chão é espantoso!

Cá fora duas esculturas sugestivas

É proibido fotografar lá dentro, por isso todas as fotos que aqui aparecem… foram distrações da minha parte e das câmaras de segurança, por isso podem não ter a melhor qualidade de focagem! 😮

Não consigo deixar de me deslumbrar com as suas criações!

Parece que tudo deriva de interiores orgânicos, de ossos, ou vísceras! Olhando pela janela até a decoração do jardim faz parte do mundo Giger!

A sua obra é composta por pintura, escultura, design de comunicação e de interiores e cenários cinematográficos!

A receção é sugestiva, num ambiente negro e cheio de personagens alienígenas. Infelizmente não poderia fotografar de outro ângulo, pois as personagens são muito bonitas.

Encontrámos várias esculturas pelo museu, construídas em materiais que as fazem parecer corpos petrificados!

Aquela decoração de sala de jantar sempre me fascinou! Apetece mesmo sentar ali. Se bem que o espaldar das cadeiras é rugoso e com textura óssea!

Lá em baixo, em frente ao museu, do outro lado do caminho, fica o bar Giguer, deslumbrante também!

Também ali não gostam que se fotografe, aquilo é um bar não é um cenário para fotos! Mas venha lá alguém impedir-me de fazer meia dúzia de fotos!

Porque aquilo é lindo! Parece que estamos dentro da barriga da Moby Dick!

E são confortáveis aquelas cadeiras!

Tive de me forçar a sair dali, ou ainda por lá estaria hoje a tirar fotos aos molhos, como os chineses!

(continua)

30 – Passeando até à Suiça 2012 – Yverdon-les-Bains, Estavayer-le-Lac e Murten.

16 de Agosto de 2012 – continuação da continuação

Ali mesmo à beirinha fica a catedral embrulhada, numa zona nobre da cidade no topo da colina que domina toda a redondeza.

A catedral espera pelo dia certo para mostrar toda a beleza da sua fachada renovada, por enquanto mantem a sua mascara de beleza!

Em frente fica a estátua de Guillaume Farel, segundo as inscrições no pedestal morreu com 76 anos, em 1565, e foi o grande reformador, pastor da igreja de Neuchatel.

Na realidade ele foi um dos grandes fundadores da igreja reformada, uma variante da igreja protestante, que surge na sequência da excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica, e se mantem até hoje como grande doutrina em países como Suíça (país de origem), Holanda, África do Sul, Inglaterra, Escócia e Estados Unidos.

Era de origem francesa e amigo de Calvino, a quem aparece associado, e juntos tornaram Genève a “Roma Protestante”, para onde fugiram todos os protestantes perseguidos na França.

Desci calmamente pela cidade e segui pela beira do lago.

Por muitos lagos que haja naquele país (dizem que são perto de 7.000 lagos, rios, nascentes e cataratas) a gente nunca se cansa de passear pela borda de mais um!

Mais à frente ficam as Gorges de l’Areuse. É curioso pensar em gargantas quando não há montanhas à vista, mas a verdade é que elas aparecem e parte das correntes de água e das escarpas são mais escavadas do que entre montes.

Um percurso feito de paz e frescura num ambiente bonito e com o som da agua como musica de fundo. Relaxante!

Fiz apenas um pouco do percurso e pus-me a apreciar os jovens animados na brincadeira no rio. Não me apetecia andar muito, por isso não fui até às gargantas, apenas sentei, lanchei e apreciei a animação e beleza do local.

A rapaziada era simpática e ainda me ri um bocado com eles!

Depois voltei para trás, de barriga cheia e com vontade de dar mais uma volta, pois naquele momento Friburgo estava do outro lado do lago e eu queria ver umas coisas até chegar lá!

Passei numa escola lindíssima que não resisti a fotografar!

Cá pintam-se, e muito bem, as paredes das escolas, os miúdos gostam, fazem uma festa e fica giro. Mas lá pintam-se as venezianas! E fica deslumbrante! Adorei!

Que pena que eu tive que a minha escola não tivesse venezianas que iria divertir-me à grande a pinta-las com os meus alunos! 😀

Depois não é preciso ir particularmente atento à paisagem para descobrir pormenores encantadores pelos caminhos que se fazem! Como o castelo de Vaumarcus do séc. XIII que está a funcionar como restaurante. E o que me apeteceu parar e ir la dentro catar!!

E depois veio Yverdon, ou Yverdon-les-Bains, que os suíços e os franceses chamam “les-Bains” às terras que têm termas e, neste caso, trata-se de uma cidade conhecida pelas suas ótimas águas termais, desde antes dos tempos romanos!

Estava no Cantão de Vaud, a que pertence também Lausanne.

Havia festa por lá naqueles dias, mas estava em pausa! Iria voltar à vida ao anoitecer!

La place de la tannerie estava toda preparada para quem viesse!

As ruas estavam alegremente calmas e a festa pairava no ar.

O castelo do séc. XIII fica ali no meio, imponente, num ambiente arquitecturalmente eclético, com construções de épocas diversas, em harmonia!

Segui passeando pela margem do lago e encontrei Estavayer-le-Lac, onde fui recebida com sapinhos giríssimos, pendurados no meio das ruas!

Adorei! Havia-os de muitas cores e decorações diferentes e eu ia conduzindo e fotografando! Não é fácil conduzir por ruelas estreitas a olhar para o céu e a tirar fotos ao mesmo tempo!

Estavayer, embora fique na margem sul do lago de Neuchatel, pertence já ao Cantão de Friburgo.

Uma cidade com uma longa história e preservada em toda a sua beleza antiga!

La Collegiale de Saint-Laurent, gótica!

E o castelo lindo, na margem do lago!

O Castelo de Chenaux do séc. XIV é delicioso, e estava ali para ser visitado, podemos andar por todos os recantos exteriores sem que ninguém nos peça nada ou tome conta daquilo, como se tivessem a certeza de que quem vem, vem por bem!

Bonito e relaxante passear por ali ao entardecer!

Ali funciona La Prefecture et Service Financiere, segundo indicações no local! Que sorte trabalhar-se num local assim!

E as portas medievais da cidade, como seria de esperar em ambiente tão bem conservado!

Então segui para Murten, acompanhada por um grupo de motards que iam para Berna, gente simpática!

Murten fica noutro lago, um dos 3 que se ligam naquela zona: O lago de Biel, o lago de Neuchatel e o lago de Murten!

É mais uma cidade medieval que preservou o seu aspeto original de forma muito agradável e harmoniosa!

Uma cidade de 800 anos, com arcadas em habitações antigas e encantadoras, onde apetece morar!

As casas cheias de flores e recantos com cadeirões e almofadas, do lado de fora das portas, onde nada é roubado e onde se passam calmos fins de tarde, antes que o frio venha e tome conta de tudo!

E o tempo parece que não passou por ali!

As casas medievais com as suas arcadas tradicionais, cheias de esplanadas e flores e proteção quando chove ou neva. Fazem lembrar as ruas de Bern…

E finalmente estava na hora de pegar na minha motita e ir para casa, que naquele dia era em Friburgo!

Fim do décimo oitavo dia de viagem!

29 – Passeando até à Suiça 2012 – Le Landeron, Erlach e Neuchatel.

16 de Agosto de 2012 – continuação

Na outra ponta do lago de Biel ficam duas terrinhas muito bonitas, a primeira é Le Landeron, uma cidade medieval do séc. XIV, que mantem o mesmo aspeto desde há muitos séculos! É curioso que é a única cidade da margem do rio que pertence a Neuchatel, pois os limites do cantão acabam logo ali!!

Já foi uma cidade muito importante com seu próprio exército e tudo e foi também o pomo de discórdia por se ter mantido à parte da reforma, mesmo com um grande reformador logo ali ao lado, em Neuchatel, o Guillaume Farel, ficando com mais duas ou três localidades, como ilhas católicas no meio do mar protestante!

A cidade é linda, com a sua praça principal que é, praticamente, toda a cidade medieval.

Com portas de entrada e de saída, na muralha que ainda conserva intacta.

E as fontes com esculturas pintadas tão bonitas!

Passeando pela redondeza, encontramos a qualquer momento, e por todo o lado, quintas com terrenos bem cuidados que contribuem para a beleza verde que o país exibe de norte a sul. E as casas são lindíssimas, parecendo por vezes quase irreais de tão perfeitas e bem enquadradas na paisagem! Dir-se-ia que alguém as põe ali porque ficam bem na paisagem mas, na realidade são casas habitadas, muitas delas com uma parte de habitação e outra de celeiro e a gente quase nem se dá conta!

Logo a seguir fica outra cidadezinha encantadora e ainda mais antiga, do séc. XII, Erlach!

Tudo é cercado de vinhas por ali e, subindo pela encosta até ao castelo, podemos ver como a redondeza é encantadora!

Lá em cima fica a zona mais antiga e pitoresca da cidade.

Nenhum veículo pode circular por ali, a minha motita apenas entrou para dar a volta, também o piso é muito irregular e nem valia a pena arriscar!

Depois ao fim da rua ficam as escadas que levam à rua de baixo!

Então segui para Neuchatel, a capital do cantão com o seu nome e que fica na margem do maior lago totalmente suíço, e que também tem o seu nome! Dá para ver que é uma cidade importante!

E na verdade é, a sua história é longa, andou de mão em mão, nobres poderosos dos países vizinhos, os Condes de Orleans de França e os reis Prussianos da Alemanha, a disputaram e governaram alternadamente, até que ela se juntou à Confederação Suíça e acabou de vez com a cobiça!

La Maison des Halles do séc. XVI, na Place du marche, já foi armazém das mercadorias mais delicadas, como sedas indianas e cereais. Hoje permanece uma joia no coração da cidade antiga!

Ela estende-se pela rue du Trésor, na direção da la place de la Croix du Marché.

A Fonte du Banneret é muito antiga e o seu aspeto atual data do séc. XVI, era usada para dar de beber às vacas e aos cavalos!

Depois, se subisse por ali acima iria dar ao castelo, mas se há rua para andar com rodinhas, não havia necessidade de usar uma que é só para pezinhos! Por isso fui buscar a moto e fui até lá acima, onde fica o castelo e a catedral, pois então! 😀

A catedral está sem rosto, em restauro, e nada se vê da sua fachada mas, por dentro continua linda!

A Catedral é conhecida como “la Collegiale”, é um edifício extraordinário do séc. XII com base românica e mistura com estilo gótico, com um teto espantoso, pois eleva-se até ao céu e é estrelado!

Ouro sobre azul!

Andei ali, de um lado para o outro de nariz no ar!

Depois num dos lados do altar há um Cenotáfio em honra dos condes de Neuchatel e toda a sua família, um monumento do séc. XII, notável e bem conservado através dos tempos!

E aquele teto a encher-me os olhos!

Ali ao lado ficam os vestígios do castelo antigo que ajudou a dar origem ao nome da cidade, pois ao construir-se o castelo novo, que está mais à frente, veio ao longo dos tempos o “neuchatel”!

Este sim, foi a origem do nome, pois é o castelo novo de «Nuefchastel»!

No castelo medieval funcionam atualmente os edifícios do governo cantonal de Neuchâtel.

A arquitetura é espantosa e o edifício imponente!

Ali se trabalha realmente e se tomam decisões, porque não existe o conceito de “puseram-me cá agora aguentem comigo!”

Na salle des Etats podem-se ver os brasões de todos os governantes de Neuchatel até a cidade se juntar à Confederação e se tornar um Cantão Suíço.

Da janela vê-se parte da cidade e o imenso lago ao fundo.

O edifício não pode ser todo visitado pois está em funcionamento todos os dias!

Sempre achei piada à forma como eles pintam as venezianas das janelas às riscas das cores mais improváveis! E o curioso é que fica tão bem!

Adoram as torres, torrinhas e torreões e os chapéus bicudos lá em cima! Um só edifício pode ter diversos!

E preparei-me para continuar o meu caminho…

(continua)

28 – Passeando até à Suiça 2012 – O Mont Pilatus, Burgdorf e Biel…

16 de Agosto de 2012

Estava na hora de seguir para Friburgo e fi-lo desenhando um caracol no mapa! É que Friburgo fica logo ali e não teria qualquer piada arrancar direta para lá, com tanta coisa bonita para ver na redondeza! Aliás, as minhas dormidas são marcadas sempre em pontos estratégicos e nunca é por acaso que eu marco 2 num espaço de apenas cento e tal quilómetros!

Não me interessava passar por Bern, pois nos últimos anos tenho lá “passado a vida” e outros dias virão em que terei vontade de lá passar de novo!

Quando cheguei cá abaixo a minha Magnífica tinha feito amizade com uma Suzuki toda desportiva, eu bem lhe disse que nunca se metesse com motos desportivas pois nunca teria pedal para elas, mas ela esquecia-se por vezes que era uma maratonista e não uma R!

Ok, convenhamos que foi a R ZSX que se meteu com ela, pois estava mascarada e tudo quando cheguei lá fora, com uma cobertura preta, a trabalhar para o mistério!

Achei piada à moto com as “orelhas” recolhidas, fez-me lembrar a minha gata que punha as orelhas para trás quando ia fazer uma asneira!

O dono também meteu conversa comigo, era um rapazola simpático que ficou curioso por a Magnífica ser de uma mulher! Ele estava a viver em Genève e tinha ido dar uma volta até Lucerne. Mais tarde comunicou comigo através do meu blogue, um tipo simpático!

Antes de me ir embora dali, não resisti em subir de novo o Mont Pilatus! Eu sabia que se calhar nada se veria lá de cima, mas não resisti em passar, porque por vezes o tempo chuvoso reserva-nos surpresas nas montanhas, proporcionando perspetivas e enquadramentos da paisagem, únicos! E acabou por ser o caso!

Pela dimensão das casas e dos prédios lá em baixo, dá para imaginar a distância a que eu estava. Depois as nuvens ficavam um pouco abaixo de mim! Por isso a visibilidade estava longe de ser nula!

Fiz outras ruelas diferentes das que fizera já, quando por ali andara dias antes, encontrando outros pormenores na paisagem.

Depois segui pelos montes e pelo meio das quintas e dos campos verdes, por ruínhas estreitas e cheias de curvas, que é o que de mais bonito há para fazer naquele país!

Se as ruínhas não estivessem cheias de terra e marcas da circulação de tratores e carros rurais, dir-se-ia que as quintinhas apenas estavam ali para embelezar a paisagem!

Mas não, aquilo ali tudo funciona! As casa são habitadas e as terras trabalhadas!

E depois fica tudo tão direitinho e verde que parecem campos de futebol às ondas!

Lá cheguei a Burgdorf, estava no distrito do Emmental, sim a terra do queijo tão apreciado, com o seu castelo do séc. XII lá em cima duma colina que domina a cidade. Estava no cantão de Berna e o símbolo com o urso lá estava!

A cidade é muito antiga e já andou de mão em mão, como muitas ou quase todas naquele país, por isso se juntaram todos e formaram o seu próprio país, deixando de ter de lutar contra tudo e contra todos passando a defender-se em conjunto.

Comprei uns pãezinhos deliciosos na feirinha de rua e propus-me visitar a redondeza.

Subi até ao castelo e tudo!

Os castelos têm sempre a vantagem de ficar em locais elevados e proporcionarem vistas panorâmicas sobre a cidade em baixo!

No castelo funciona um museu há mais de 2 séculos e que eu não visitei.

Bastou-me deliciar-me com a sua arquitetura que é sempre interessante!

E desci para a cidade pelo lado oposto ao que subira, por caminhos giros e antigos!

Dali até Biel foi mais um instante de belas ruas!

A cidade de Biel fica na extremidade oriental do Lago Biel, no sopé do Jura e é a metrópole da relojoaria suíça pois ali se fabricam alguns dos melhores e mais conhecidos relógios suíços como os Swatch, Rolex, Omega, Tissot, Movado e Mikron.

Na realidade o país divide-se em 3 faixas, ficando o chamado Planalto Suíço, uma zona quase plana que ocupa cerca de um terço do país e onde vive a maior parte da população, ente a cordilheira do Jura a noroeste e os Alpes Suíços a sudeste.

Biel, e zona onde eu chegava fica, portanto, no início do Jura!

A sua cidade antiga é deliciosa, com as fontes medievais pintadas, tão características no país, como a fontaine de L’Ange, do séc. XVI.

Ali fala-se tanto o alemão como o francês e é a única grande cidade onde essa distribuição é de 50/50.

Dizem que Biel tem 72 fontes com água potável alimentadas até hoje por uma fonte romana!

A fontaine de la Justice é uma delas, do séc. XVI, tem sido mantida impecável ao longo dos tempos!

Anda-se por ruínhas e ruelas até se chegar à praça da catedral, que é sempre onde está o centro histórico e mais pitoresco de uma cidade antiga !

A Place du Ring é deliciosa, com cada construção a rivalizar com a outra, em cada esquina e em cada recanto!

E mais uma fonte do séc. XVI la fontaine du Banneret

A igreja gótica do séc. XV lá estava, a dominar o espaço !

É interessante por dentro, com o teto florido e luminoso.

Estamos numa zona elevada da cidade que continua a descer até à zona nova, com avenidas e prédios lá para baixo.

e voltamos à praça que é muito mais gira que tudo o resto !

Depois foi descer até à motita, por ruínhas tão fofinhas

e cheias de coisas curiosas!

Para seguir o meu caminho, que naquele dia eu estava com vontade de ver muitas coisas!

(continua)

27 – Passeando até à Suiça 2012 – Laufenburg, o Lago dos Quatro Cantões e as termas de Vals

15 de Agosto de 2012

Tirei o dia para não fazer nada de especial, para além de conduzir!

Há sempre dias destes nas minhas viagens: tiro um dia para não conduzir, ou um dia para ficar em casa, ou um dia só para conduzir! Enfim, tiro os dias que me apetecem para fazer o que me apetece e acabo sempre por ver coisas giras, mesmo saindo de casa para não ver nada de especial! 😀

Depois não ver nada é difícil por aquelas bandas pois, mesmo sem se querer, “o que ver” está por todo o lado! Então fiz um desenho louco, de vai e volta no meu mapa!

Primeiro fui numa direção qualquer e atravessei uma terrinha fofinha, com uma porta de entrada em torre, Sempach. Fica na margem do lago Sempachersee onde fica também Sursee que não fui visitar embora saiba que é uma terra interessante!

Esta é uma terra histórica na Confederação Suíça, pois ali se travou uma grande batalha contra os austríacos, lá atrás no séc. XIV, quando a confederação se expandia!

Tem também uma porta em torre para sair!

Segui o meu caminho sem destino, embora tivesse um nome em mente: Laufenburg.

Eu sabia que passaria ali perto dali a dias, mas apeteceu-me ir visitar com calma naquele momento!

Laufenburg era uma terra que eu não conhecia, como há muitas pela Suíça, e que irei cata-las um dia ou outro. E o que me despertou o interesse foi o facto de haver uma homónima na Alemanha e logo ao lado uma da outra!

Deixei a mota na Alemanha e fui procurar onde a cidade deixava de ser alemã e começava a ser suíça!

A entrada faz-se por baixo da própria Rathaus!

E ao chegar-se ao fim da rua aparece o rio Reno e a Suíça e Laufenburg, na outra margem!

Na realidade as duas Laufenburg foram a mesma cidade desde o séc. XIII até 1800, quando Napoleão as dividiu. Hoje ainda, as pessoas sentem-se e vivem como se da mesma cidade e do mesmo país se tratasse!

A ponte velha foi desativada para o trânsito dado que se tornara insuficiente. É uma ponte muito bonita, medieval com esculturas a meio!

E do outro lado do rio, outra Rathaus!

Ruínhas muito bonitas com pormenores deliciosos!

E ninguém diria que passamos de uma cidade para outra e de um país para outro e que voltamos atrás, sem nem a língua mudar!

Na realidade andamos entre Laufenburg pertencente a Baden-Württemberg e Laufenburg pertencente ao Cantão de Aargau!

Decidi voltar para o centro da Suíça passando por Brugg, ainda no cantão de Aargau, onde passa o rio Aar a caminho do Reno!

Brugg é uma cidadezinha muito interessante que fica na confluência de 3 rios: O Reuss, o Aar e o Limmat!

Com ruínhas curiosas de passeios elevados onde as esplanadas têm mais graça!

Comi uma belíssima refeição numa esplanada, com direito a sombra e musica ambiente mesmo a calhar!

De onde estava instalada avistavam-se pormenores curiosos!

E voltei a pegar na moto para dar mais umas voltinhas de condução relaxante, passando pelo lago de Zug.

A Suíça é um país cheio de lagos, alguns deles deslumbrantes, outros mais vulgares, mas todos com os seus encantos particulares e histórias mais ou menos felizes. O lago de Zug é considerado o lago menos limpo do país, devido às zonas de cultivo que vão afetando os rios que o alimentam. É no entanto também um assunto em permanente estudo e cuidado, acreditando-se que a sua situação será revertida a médio prazo, já que as questões ambientais sempre foram de primeira importância para o país. O lago não deixa no entanto de ser muito bonito, com a cidade de Zug a dar-lhe o nome e enriquecer-lhe a paisagem!

E o Zugersee tem recantos encantadores em que ninguém diz que aquelas aguas não são tão limpas assim! Na realidade é preciso ter-se uma ideia do que quer dizer “o menos limpo” para os suíços pois, na realidade, têm padrões de limpeza de aguas mesmo muito elevados!

Mas o lago que eu queria visitar era o Lago dos Quatro Cantões, logo ali a seguir!

Lucerne fica na berma de um dos lagos mais extraordinários da Suíça, o Lago dos Quatro Cantões. O seu nome deve-se ao encontro dos quatro cantões fundadores da Suíça: Uri, Scwyz, Unterwalden (que hoje é divido em dois: Ibwald e Nidwald, o que faz que o lago seja hoje, afinal dos 5 cantões!) e Lucerna. A grande beleza do lago deve-se às montanhas que o rodeiam e o tornam um lago em fiord! A verdade é que as paisagens nos surpreendem a cada quilómetro percorrido e a gente pára aqui, encosta ali, tira dúzias de fotos e nunca se sente satisfeita, pois a vontade é traze-lo todo para casa! Deslumbrante e apaixonante…

E ele é lindo… e eu fotografei-o até à exaustão!

E mesmo assim sei que deixei muito para fotografar das próximas vezes que lá passar!

Bendita moto que permite parar em qualquer recantozito da estrada e disparar mais uma ou duas fotos onde ninguém poderia parar!

E cheguei a Altdorf, a capital do cantão de Uri, famosa pela lenda de Guilherme Tell e a sua estátua está bem no centro da praça.

Reza a lenda que Guilherme era conhecido pela sua habilidade no manejo da besta.

“Na época, os imperadores da casa de Habsburgo lutavam pelos domínios de Uri e, para testar a lealdade do povo aos imperadores, Herman Gessler, um governador austríaco tirano, pendurou num poste um chapéu com as cores da Áustria, numa praça de Altdorf. Todos os que por lá passassem teriam de fazer uma vénia como prova do seu respeito. O chapéu era guardado por soldados que se certificariam que as ordens do governador eram cumpridas.

Um dia, Guilherme e seu filho passaram pela praça e não saudaram o chapéu. Foram imediatamente presos e levados à presença do governador que, reconhecendo-o, o fez, como castigo, disparar a besta a uma maçã pousada na cabeça do seu filho. Tell tentou demover Gessler, sem sucesso; o governador ameaçava ainda matar ambos, caso não o fizesse.

Tell foi assim trazido para a praça de Altdorf, escoltado por Gessler e os seus soldados. Era o dia 18 de Novembro de 1307 e a população amontoava-se na expectativa de assistir ao desfecho do castigo. O filho de Guilherme foi atado a uma árvore, e a maçã foi colocada na sua cabeça. Contaram-se 50 passos. Tell carregou a besta, fez pontaria calmamente e disparou. A seta atravessou a maçã sem tocar no rapaz, o que fez a população aplaudir e admirar os dotes do corajoso arqueiro.

Ao observar que Guilherme trazia uma segunda seta, Gessler perguntou por que ele a trazia. Tell hesitou. Gessler, apressando a resposta, assegurou-lhe que se dissesse a verdade, a sua vida seria poupada. Guilherme respondeu: “Seria para atravessar o seu coração, caso a primeira seta matasse o meu filho”.”

Guilherme Tell ficou para sempre associado à libertação da Suíça das mãos do império Habsburgo da Austria.

E depois? Era cedo para ir para casa, por isso fui passear para os montes!

Passei no Rundweg Schöllenen, o percurso do Gotthard Pass através do canyon Schöllenen, que é lindíssimo, com paredes íngremes e caminhos rudimentares e sinuosos construídos pelas populações do vale do Urseren, um caminho para eu me dispor a explorar um dia.

É impressionante a facilidade com que a gente perde a noção da dimensão das coisas por ali!

Ao aparecer o comboio é mais fácil entender a dimensão do rochedo, não?

E decidi ir até Vals, não era no meu caminho mas apeteceu-me!

São mais umas estradas de montanha, algumas em terra batida, que estavam a cuidar delas antes que o inverno chegasse e depois de muita ruela em sucessão de SS, lá apareceu a vilazinha! Como dizem por lá: “Vals é a última aldeia no vale, depois é só montanha e céu!”

Depois de tais caminhos nem parece provável encontrar uma vila tão interessante e movimentada! Mas, a principal razão para eu lá ir é a mesma que leva ali tanta gente: As Termas de Vals!

Uma obra do arquiteto Suiço Peter Zumthor, considerado um dos mais importantes arquitetos do mundo! A obra, é um espetáculo! Uma pena que não a tenha podido fotografar por dentro, pois sei que é belíssima!

Na realidade no início de 1980 a comunidade de Vals comprou um hotel falido composto por três edifícios, da década de 1960, e contactou Peter Zumthor para projetar umas novas termas. Se no princípio isso até abalou a estrutura financeira da comunidade, rapidamente o edifício se tornou um sucesso na Suíça e apenas dois anos após a sua abertura, tornou-se um edifício protegido.

Hoje podem-se encontrar fotografias dele em qualquer tipo de revista no país, o nome do arquiteto é bem conhecido para o cidadão comum de Grisões e a vila de Vals está orgulhosamente no mapa, não só da Suíça mas também do mundo!

É curioso a forma como o edifício se integra na paisagem, sem a ferir ou perturbar sequer!

Por baixo do fino relvado a vida pulsa…

quase sem darmos por nada…

Uma pena não poder entrar para fotografar. Teria de ir fazer eu mesma um spa, mas nem assim poderia fotografar, pois o ambiente é quente e húmido lá dentro, nada próprio para uma máquina fotográfica…

E estava na hora de voltar para casa, por mais montes e curvas e uma deliciosa dança do ventre até Lucerne!

Passando de novo um pouco pelo Gottharpass

Embora não o tenha feito totalmente o que o põe na minha agenda para uma futura passagem, pois é um dos Pass do meu coração!

E o pôr-do-sol quase chegava primeiro do que eu a casa!

Fim do décimo sétimo dia de viagem…