38. Passeando por caminhos Celtas – Normandia… as praias do desembarque 70 anos depois…

28 de agosto de 2014

O dia seguinte foi como uma oração!

Não importava se eu já tinha estado na Normandia, se já tinha visitado uma ou outra praia do desembarque, nada importava, apenas importava voltar lá e fazer todo o percurso como uma via-sacra, um caminho sagrado.

O aspeto do que eu queria ver era simples, famoso e cheio de indicações…

Mas algumas voltas que eu daria seriam bem mais complexas, cheias de caminhos incógnitos ou esquecidos e sem quaisquer indicações, muitas das vezes, para além dos vestígios ainda hoje visíveis, de tudo o que por ali se passou!

Desenhei o meu próprio caminho e fui seguindo…

Não me importava que sequencia fazer, que museus visitar, que rituais seguir, apenas me importava ver e sentir cada pedaço de caminho que eu fizesse, cada ponto que eu alcançasse!

Não quero fazer uma lição de história, porque essa toda a gente a sabe, ou pode saber, basta ir até ao Google e pesquisar um pouco, não muito, que tudo surgirá em catadupa.

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O meu pequeno apartamento em Pipriac tinha este aspeto:

Ali tracei o meu destino daquele dia, com a senhora da casa muito preocupada porque eu iria para muito longe com a moto e ameaçava chover!

“Oh minha senhora, não se preocupe que à chuva estou eu bem habituada! Só é pena pois não dá jeito para fotografar ou desenhar!”

“Vai para tão longe não terá tempo para fotografar, desenhar e voltar hoje ainda!” – insistia ela

“Tenho sim, tempo para isso e muito mais, confie em mim!”

E é claro que tive!

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As memórias estão marcadas pelo caminho nas mais variadas formas…

“ As guerras não fazem os grandes homens, mas revelam a grandeza dos homens justos.”

Escultura dedicada a “Todos os abriram o caminho da liberdade no dia D”

O tempo estava bem melhor do que ela ou eu pensamos e a ameaça de chuva apenas trouxe mais encanto e mistério ao meu percurso com nuvens inspiradoras sobre o mar impressionante!

E as praias do desembarque estavam deslumbrantes…

Utah, era uma das praias que eu não tinha visitado ainda e pude caminhar pelas suas areias, levar a moto quase até elas!

Anda-se por ali e, tal como as placas anunciam, aquilo é um museu a céu aberto! Os vestígios do “Mur de L’Atlantique” são tantos, com as baterias bem visíveis, na borda das praias, nas bermas das estradas ou mesmo em plena água…

Como se pode pensar em guerra, morte e destruição quando se tem uma visão tão privilegiada sobre o mar?

E a rua segue junto ao mar, placidamente como se nada se tivesse passado ali, até voltarmos a cruzar com mais um Ponto Fortificado, como aparecem referenciados… por todo o lado!

“O seu sacrifício, a nossa liberdade”

Havia gente muito surpreendida com a minha moto! Fizemos amizade e descobrimos que eles vinham de onde eu vinha, da Irlanda, apenas eles eram mesmo de lá e tinham chegado de ferry, enquanto eu vinha de dar uma volta bem maior!

Logo ali fica Sainte-Mère-Église.

Havia por lá uma série de motards! E havia festa também. Eu preferi ir ver primeiro as coisas sérias.
Eles tinham ar de quem estava a beber há um bom bocado e eu não me podia render a essas tentações, ou a policia que também andava por ali, não me deixaria partir depois!

Sainte-Mère-Église ficava no meio de toda a batalha e por isso ficou conhecida por ser a primeira cidade a ser libertada, para além da célebre história do para-quedista que ficou pendurado na torre a igreja, quando o seu para-quedas se engatou nas saliências de pedra da torre!

O John Steele, era o homem, fez-se de morto e ficou ali em cima por muito tempo, até virem socorre-lo. Foi capturado pelos alemães, mas acabou por se libertar e ficar para contar a história!

Hoje está um boneco lá em cima, pendurado pelo para-quedas a lembrar o momento!

Claro que fui ver a famosa igreja por dentro!

Na rua, junto do sitio onde pousamos as motos, havia uma exposição de fotografia que assinalava cada ano desde 1944 até 2014 em 70 fotos marcantes!

Claro que me dei ao cuidado de as captar todas, uma a uma, para mais tarde relembrar qual retratou cada ano…

A minha bonequinha fez mais amizade com as motos dos irlandeses do que eu com eles!

Eles estavam todos ao monte a comer e a beber, numa esplanada. Eu apenas os cumprimentei e a festa era tão ruidosa, que eu nen me aproximei muito, fui direta a uma tenda que vendia salsichas gigantescas grelhadas na brasa e deliciei-me sem quebrar o sentimento de introspeção que vinha vivendo e queria continuar a viver! Sorry guys!

E então voltei ao Cemitério e Memorial Americano em Omaha Beach…

É daqueles sítios que me puxam para visitar a cada vez que passo perto e naquele dia fazia ainda mais sentido…

Havia muita gente por lá e o silêncio era surpreendentemente absoluto…

… como quem entra numa catedral onde se vela um corpo… ali velavam-se cerca de 10.000 corpos…

Acho que se “ouve” o silêncio até nas fotos…

O efeito das cruzes é tão forte que é impossível ficar indiferente!

“E eu voltei lá de novo este ano!
Eu tinha de voltar! Simplesmente eu não podia passar perto sem voltar…
E cada vez que eu volto a um sítio levo na mente e no coração o que me fez falta ver em visitas passadas, então eu entrei no espaço e fui andando, sem ligar ao que toda a gente liga, sem ver o que toda a gente vê, até às cruzes, as infinitas cruzes… e fiquei ali, como quem acorda de repente, apenas olhando em redor. Quanta beleza, quanta dor, quanta história anónima, particular e incógnita, quanta vida ali perdida… Sentei-me entre todas as cruzes e fiquei, apenas fiquei, o tempo que o meu coração me pediu que ficasse…”

(in Passeando pela vida – a página)

Tive de me forçar a sair dali, eu não iria passar o resto do dia a passear pelo meio de um mar de cruzes de mármore!

Pertinho fica a Omaha beach…
As praias tomaram os nomes de código no dia do desembarque e permaneceram até hoje, como homenagem ao mar de homens que ali lutou ou morreu.

“Les Braves, o memorial de guerra na areia de Omaha Beach, uma escultura cheia de significado que resiste às marés desde 2004, quando o dia D, o desembarque na Normandia, comemorava 60 anos. Ali se lembram os americanos caídos em batalha em 3 conjuntos de curvas e colunas em aço inoxidável: as asas da esperança, a elevação da liberdade e as asas da fraternidade. Um monumento que foi criado para ser efémero e se tornou definitivo, como tantas vezes foi acontecendo na história das cidades e dos eventos, como o Atomium em Bruxelas ou a Torre Eiffel em Paris…
Fui vê-lo de novo, o mar estava calmo e baixo, por isso passeava-se na areia, pessoas em cadeiras de rodas visitavam o local, tinham ar de combatentes ou familiares. O ambiente que se vivia era ainda de comemoração dos 70 anos do dia D, fotos lembravam-no em diversos pontos na entrada da praia. Como quem visita um cemitério, o ambiente era palpavelmente grave…”

(in Passeando pela vida – a página)

E havia pessoas que visitavam os locais como eu, mas com uma dificuldade e uma ligação emocional bem mais forte que a minha! Havia gente que perdeu gente ou lutou ali na época e voltava lá, naquele dia… não consegui evitar que uma tristeza profunda se apoderasse de mim…

E eu andava e parava tantas vezes, a cada vez que algo me chamava a atenção, e por ali tudo chama a atenção! Tanto vestígio do passado, tantas exposições de fotos, tantos memoriais, tantas coisas que foram deixadas para trás no tempo da guerra e que estão onde ficaram e onde pertencem….

Na bateria de Longes fui recebida com tanta simpatia, como se achassem que eu os honrava coma minha visita…

tanta gente por ali e tanto silêncio…

As praias estão cheias de restos do passado, podem-se ver até no mar…

A Juno beach foi a mais difícil de encontrar, porque não está bem sinalizada como as outras. Na realidade ela, e todas as praias, estendem-se seguidas umas às outras desde Utah até Sword, e a Juno por vezes sem areia, sem memorial algum….

Mas o mar acusa-a facilmente, cheio de blocos de cimento que pertenceram ao Muro do Atlântico…

E depois de muitos quilómetros, muitas voltas, os últimos memoriais…

“No dia D, na manhã do dia 6 de Junho de 1944, no sector de “Sword beach”, como sempre fizeram os escoceses por muitas gerações, o general da brigada Lord Lovat, chefe da 1ª Brigada Especial em Serviço, mas também chefe do Clan das Highlands, ordenou ao seu tocador pessoal, Bill Millin, que tocasse a sua gaita de foles, enquanto os seus comandos desembarcavam. Por trás do tumulto da batalha, o som da música anunciava a libertação, com o “pipper” abrindo o caminho. Naquele dia os dois se tornaram lendas!”

E a França rende-lhes homenagem com uma escultura inspiradora!

E o fim do percurso tinha de ser em Caen, junto do seu memorial e museu…

Ali se encontram tantas coisas em memória daqueles dias e enaltecendo a paz… ali se encontra também uma das reproduções de autor da celebre pistola com um nó no cano, “No violence”

E fui para casa, com um céu a ameaçar cair-me em cima, para completar o quadro triste que fui construindo ao longo do dia…

Mas em Pirpriac estava um belo pôr-do-sol que me alegrou o serão!

A dona da casa tinha estado todo o dia a fazer chouriças e recebeu-me com animação, mostrando-me a obra num forno que ela tinha no quintal! Curiosa a facilidade com que por ali se fazem estas coisas, mesmo vivendo numa cidade!

Quando subi até casa só queria estar com alguém!

É nestes momentos que o Facebook me faz tanta companhia! Havia muita gente conhecida on-line que me aconchegou o coração, celebramos on-line e tudo, com um copo de vinho, eu lá e os meus ciber-amigos cá!

E foi o fim do 31 dia de viagem! “Amanhã” eu desceria todo o país até ao norte de Espanha, onde fica a zona mais celta da Península Ibérica: as Astúrias e os Picos da Europa!

37. Passeando por caminhos Celtas – Um pouco da Bretanha encantadora

27 de agosto de 2014

E pronto, o Reino Unido estava para trás e eu estava de volta à bela França!
Sempre me encanto com os encantos daquele belo país e a Bretanha continua a ser um recanto que me intriga e atrai, pela sua beleza e história.

Eu estava hospedada numa “maison d’hôtes” muito curiosa, num apartamento no sótão de uma casa muito antiga e inspiradora. As vezes que eu fotografei aquelas escadas!

E, tal como eu imaginara ao fazer uma reserva para 3 noites, era o sitio ideal para eu estar só, poder tirar as malas da moto, espalhar todas as minhas coisas por todo o lado e poder cozinhar! Esse pormenor de poder cozinhar fez-me tão feliz, depois de tanto tempo desejando comida de panela decente!

A dona da casa era muito simpática e foi-me dando coisas da horta que cultivava nas traseiras, batatas, cebolas e tomates, e eu fui fazendo os meus petiscos com tanta vontade que quase não precisaria de prato, à quantidade de vezes que ia depenicando da panela!

Depois de muita conversa ilustrada de mapas e prospectos de divulgação turística da zona, eu tinha 3 ou 4 coisas para ver naquele dia.

E a Normandia ficaria para o dia seguinte…

Pipriac era o nome da terra onde eu estava, bem no meio da zona que eu queria explorar naqueles dias. As pessoas ficavam a olhar para mim quando eu passava. Deduzi que não estavam muito habituadas a ver alguém de capacete enfiado a visitar igrejas…

Mas como ninguém me disse nada e eu só queria dar uma espreitadela, foi mesmo de capacete na cabeça que visitei a igreja sim senhor! Acho que não há lei eclesiástica que diga que isso é pecado… digo eu!

E segui para uma terrinha chamada La Gacilly onde decorria um festival de fotografia…
Oh, La Gacilly é uma vilazinha encantadora, com casinhas de pedra, a lembrar as casinhas de xisto do Piódão, com os caixilhos das portas e janelas em corres vivas, e muitas árvores, trepadeiras e jardins por todos os lados!

E como se não bastasse, realiza desde há mais de 10 anos um grande festival de fotografia ao ar livre que estava a decorrer!

E estavam lá fotos de Robert Capa, o grande fotografo que guerra que eu tanto admiro!

E o país convidado era os Estado Unidos, com fotos fantásticas, como as de Steve McCurry!

Perdi-me por ali, a ver a exposição que estava por todos os lados, ruelas e jardins, e a desenhar aqui e ali uma casinha mais encantadora ou um recanto mais pitoresco!

Porque as casinhas são mesmo muito bonitinhas por ali e apetece parar em cada recanto e desenhar!

Depois de horas a catar o mundo da fotografia e as ruelas de casas em xisto, a vilazinha que visitei a seguir ainda me encantou mais!

“Rochefort-en-Terre figura entre os “Plus Beaux Villages de France” e isso é garantia de “coisa bonita” mas ao chegar-se lá, rapidamente se percebe que ela é muito mais que bonita: é encantadora! Há uma harmonia extraordinária entre os diversos estilos arquitetónicos que se foram acumulando e justapondo ao longo dos séculos, desde a formação do local lá pelo séc. XII. Construções góticas, renascentistas e posteriores, convivem perfeitamente para um ambiente idílico de conto de fadas. Andei por ali muito tempo, o dia estava lindo e a vontade de captar tudo não me deixava ir embora. Nem sei quanto desenhos fiz, mas fotos foram tantas!”

(in Passeando pela vida – a página)

Algumas casas ficaram associadas aos desenhos que fiz! Uma sensação curiosa que experimento hoje ao olhar as fotos!

casinhas medievais que “coabitam” com casinhas mais recentes, renascentistas…

Formando um conjunto encantador por toda a povoação!

com direito a castelinho medieval e tudo a completar o conjunto!

A igreja de Notre-Dame-de-la-Tronchaye, numa mistura do estilo românico e gótico, a condizer com a redondeza!

“Sentir que uma viagem se aproxima do fim é sempre penoso para mim! Podem dizer que as saudades de casa têm de apertar, que eu tenho de ter vontade de voltar, que o meu coração tem de estar cá e não lá onde eu quero andar… Mas a verdade é que eu quero sempre continuar, com saudades, com vontades, com tudo, eu apenas quero continuar! Então não perco o entusiasmo, nem a vontade de ver tudo até ao fim e os últimos dias de uma viagem são aproveitados com a mesma intensidade que os primeiros, como quem vive a vida até ao ultimo momento! Assim me aconteceu quando cheguei a Rochefort-en-Terre, depois de um longo percurso de tantos quilómetros e tanta coisa explorada, eu me encantei! E sentei-me na berma de um vaso de flores, que era uma peça só esculpida num bloco de granito, na Place du Puits, e deixei-me ficar, apenas olhando. Desenhei, conversei e quis que aquele momento nunca mais acabasse e ele tornou-se eterno…”

(in Passeando pela vida – a página)

O dia não ficaria sempre assim bonito, por isso eu aproveitei o mais possível aqueles momentos de sol, apreciando as paisagens, conversando com as pessoas e finalmente partindo para uma terra mais à frente! Era cedo e eu tinha vontade de ver mais!

Redon lembra-me sempre o pintor simbolista francês, mas ali era uma cidade, com um centro histórico muito pitoresco!

Aquelas casinhas todas tortas, com os travejamentos exteriores sempre me prendem a atenção!

Fica ali no limite entre 2 províncias, o Loire Atlantique e o Lille et Vilaine e fica também numa confluência dos rios Vilaine e  Oust, que mais parecem canais que quase dão a volta à cidade!

E há comportas e eclusas para gerir o fluxo das águas e tudo! Mesmo assim dizem que no inverno não é raro inundar-se aquilo tudo!

A igreja tem uma torre que não lhe pertence! Sim isso existe! Aquela torre está fora da igreja mesmo!

O corpo da igreja é essencialmente românico e a torre é gótica, um grande incêndio acabou por provocar a separação das partes e hoje a torre está ali, sozinha, mas de pé!

Uma beleza natural como eu aprecio, sem grandes intervenções posteriores que impeçam de apreciar a construção original…

O tempo estava a pôr-se ranhoso lá fora e isso impedia-me de explorar pormenores que aprecio, como uma série de grafitis que encontrei num recanto meio abandonado. Sempre provocam em mim aquele efeito da saudade de pegar nas tintas ou nos sprays e desatar a desenhar em grande…

E quando o dia já estava a meter água, passei em Roche-Bernard! Uma pena pois teria apreciado tudo muito melhor sem chuva, claro!

E segui para Guérande, uma cidade medieval que eu queria muito visitar! É conhecida por ter duas paisagens contrastantes, uma branca, por causa das suas salinas, e outra negra por causa da turfa!

O centro histórico é muralhado e é lindo por dentro! Claro que com a chuva que já era muita, fui-me refugiar na igreja!

A origem da igreja é tão antiga que se perde na mistura de restauros e reconstruções posteriores, mas continua linda e mostrando um pouco do românico, do gótico e até de pormenores anteriores!

Com o mau tempo lá fora deu para apreciar alguns pormenores com muita calma!

Mas eu tinha de sair da igreja, por isso à primeira aberta fui explorar as ruelas cheias de gente e guarda-chuvas e outras curiosidades!

Quantas vezes ando à procura de um porquinho mealheiro e não encontro nenhum e ali havia tantos!

Coisas que encontrei por lá e que fizeram tanto sentido!

A muralha é impressionante! Não é muito alta mas é perfeita e muito bem conservada!

E fui embora, meio amuada com o tempo que se voltara contra mim de novo!

E de repente passei por um castelo encantado… ou pelo menos encantador!

“Eu nunca consigo ficar indiferente a um castelo que avisto no meu caminho, paro sempre, olho sempre, tento sempre saber algo mais sobre ele e, se não puder aproximar-me, fico ali como uma adolescente a apreciar o seu ídolo inatingível até a consciência me fazer pegar na moto e seguir o meu caminho! Tudo isso voltou a acontecer quando pelo canto do olho eu vi o Château de la Bretesche “passar” ao longe, para lá de um lago que surgiu no espaço entre as árvores que faziam um muro, do lado esquerdo da rua que eu percorria! É uma construção medieval do séc. XIV que foi restaurado no séc. XIX. Que coisa linda! Mas quando descobri o que ele é hoje ainda fiquei mais fascinada! Ele foi vendido a uma empresa particular que o transformou em diversos apartamentos, onde vive gente! Ui, viver ali seria como viver num conto de fadas todos os dias, com direito a lago, jardins e até um campo de golfe com 18 buracos… céus, eu teria de deixar de viajar, só para desfrutar a sério da minha casa!”

(in Passeando pela vida – a página)

Que coisa linda!

E depois de muito fotografar e desenhar o castelinho lá segui para casa, desejando do fundo do coração que o tempo melhorasse porque no dia seguinte eu queria ir percorrer as praias do desembarque e a chuva não seria boa companhia…

E eu que nem sou grande apreciadora de chocolate, fui-me deliciar com um bom vinho, um jantar à minha maneira e chocolate com avelãs para sobremesa! Como eu gosto da França, onde há tudo o que eu gosto de comer!

E foi o fim do 30º dia de viagem…

36. Passeando por caminhos Celtas – Uma corrida da Grã-Bretanha até à Bretanha!

26 de agosto de 2014

Não sei porquê mas, da primeira vez que fui passear para o Reino Unido foi o circular ao contrário o que me baralhou as ideias, de resto tudo foi de adaptação fácil, mas desta vez se o circular ao contrário não me perturbou nada, já as distâncias fizeram-me errar alguns cálculos! Por diversas vezes me esqueci que estava a trabalhar em milhas e por isso 400milhas queria na realidade dizer 640 e tal quilómetros, por exemplo! Ora eu naquele dia tinha 419 milhas pela frente, o que queria dizer quase 675km… e isso queria dizer também que, com a travessia, eu iria ficar sem tempo para catar o que quer que fosse até chegar à Bretanha, a ultima zona celta até chegar a Espanha!

Por outro lado com o tempo ranhoso e cinzento que se mantinha, certamente não perderia grande coisa! Por isso enchi-me de comida, no último pequeno-almoço britânico, composto de bacon, salada de tomate, ovos estrelados, feijoada, cogumelos frutas, sumo e chá, entre outras coisas que a senhora me foi trazendo depois, como pão, queijo e manteiga! A dada altura eu já achava que ela nunca pararia de me encher de comida e eu não pararia de comer!

“you have to eat, you’re too skinny and the motorbike is too big!”

Eu adoro quando me chamam magrinha, sobretudo quando estou gordinha como nunca estive antes!

“I’m skinny?” eheheh

Eu podia habituar-me a ter tal tratamento todos os dias de manhã!

O mar estava bravo e o céu quase assustador lá fora! Equipei-me para a guerra com o tempo e fiz-me ao caminho!

Não valeria a pena parar em lado nenhum com um tempo tão feio, deixei para trás Margate e a sua Clock Tower …

E segui para Dover para atravessar o canal!

Havia já bastantes carros em diversas filas, para o embarque,mas não se avistava qualquer moto!

Os guardas daquilo tudo foram tão simpáticos comigo que me fizeram entrar no barco bem antes de começarem a mandar entrar os carros! Tão queridos, não me quiseram deixar ali à chuva e eu pude ver o porão completamente vazio!

Uma sensação curiosa! Ainda por cima quando do nada apareceu logo um senhor para amarrar a minha motita ao chão, como se de uma princesa se tratasse, com direito a tratamento VIP exclusivo!

E lá ficou ela toda catita, bem na frente do porão completamente vazio, pronta para ser a primeira a sair mal a enorme porta se abrisse!

O porão estava todo por conta dela…

E o barco todo por minha conta! Que sensação esquisita!

Escolhi o melhor lugar para mim, junto de uma janela que não estivesse muito suja e se visse vem para fora. E demorou quase uma eternidade até as pessoas começarem a entrar e outra eternidade até começar tudo a mover-se!

Não podia deixar de me sentir um pouco triste ao deixar o Reino, havia ainda tanta coisa que eu queria ver por ali e já tinha de me ir embora, ainda por cima com um tempo tão triste!

Barcos iam e barcos vinham, aquele canal é quase uma estrada de barcos que fazem a travessia a todo o momento!

A travessia não é muito longa nem demorada, pouco mais de uma hora, e eu estava de volta ao porão, para o encontrar repleto! Eu nem via mais a minha bonequinha, que estava completamente sozinha na frente de todos aqueles carros matulões e ameaçadores!

Mas ela tinha feito amizade com os vizinhos e ninguém lhe tinha feito qualquer mal!

O tempo tenebroso mantinha-se no lado de França, em Calais!

Ao contrário da última vez que conduzi pelo Reino Unido e voltei a entrar na França, não me custou nada voltar a conduzir pela direita. Mas, por via das dúvidas, há sinais a lembrar os mais distraídos para não se esquecerem de que lado da estrada devem circular!

Contornei o centro de Calais pelo lado do canal e segui por aquele lado mesmo, não valeria a pena explorar mais uma vez a cidade, pois já o fizera aquando da minha última travessia em 2011. E encontrei a église Notre-Dame de Calais!

L’église Notre-Dame de Calais, uma igreja construída entre o séc. XIV e XVI, é completamente diferente de todas as igrejas francesas, porque foi construída segundo o estilo Tudor inglês. Ali se casou Charles de Gaulle em 1921, mas o que me despertou o interesse foi o seu interior visivelmente degradado.

Questionei-me sobre o que se teria passado ali, para que o órgão estivesse espalhado às peças, ao longo da nave lateral direita e eu nem conseguisse descobrir onde ele devia estar. Não era um restauro o que lhe estavam a fazer, portanto! Perguntei a uma senhora que se aproximou de mim, atraída pelo meu interesse pelo edifício… a resposta chocou-me! A igreja estava mutilada desde os violentos bombardeamentos da 2ª Guerra Mundial e estava a ser ainda recuperada aos poucos… Eu não esperava que o passado estivesse ainda tão presente…

E havia peças de pedra amontoadas nos cantos, e havia buracos nas paredes, onde antes deviam encaixar as bigas de suporte do coro…

E toda a construção prometia estar em trabalhos de restauro por muito tempo ainda…

Aquele era de certa forma o prelúdio de um passeio pelos vestígios da 2ª Guerra mundial, ao longo da Normandia, que eu iria começar no dia seguinte…

A igreja fica numa porção de terra quase completamente rodeada de água, embora fique plenamente em terra. Um canal cerca quase completamente o pedaço de chão naquele ponto.

E ao longe eu via a torre vermelha do Hôtel de Ville de Calais.

“O Hôtel de Ville de Calais é uma construção lindíssima! Dá-se umas voltas pela cidade sem se encontrar o edifício da câmara, que normalmente está junto do centro, e vamos encontra-lo mais além, sem que se perceba porquê! Então a história conta tudo como foi, na realidade no final do séc. XIX duas terras foram fundidas, Calais e Saint-Pierre, e a câmara foi então construída numa zona deserta entre as duas populações! Num estilo que conjuga o estilo renascentista francês e o estilo Tudor inglês, ela surpreende e encanta, para lá de um jardim cuidado onde só peca o estacionamento que não permite uma visão totalmente limpa do conjunto!”

(on Passeando pela vida – a página)

E lá estava a Torre!

“Um pormenor de construção que sempre me fascina são as torres! Torres de castelos, igrejas ou casas levam-me em sonhos de infância, histórias de encantar, filmes fantásticos. E nunca me deixam indiferente! Torres de sonhos, de arquitetura arrojada, de história de épocas em que a vida de uma construção passava pelo seu encanto exterior, decorativo e romântico. Sempre olho para cada torre como quem olha para uma obra de arte lá no topo, onde só quem é atento toma atenção… um pormenor que é, afinal, a “raça” de um edifício!”

(in Passeando pela vida – a página)

O tempo estava a melhorar e eu tinha mais de 600 km pela frente! Que belo dia para apreciar estrada atrás de estrada, com nuvens inspiradoras que mudavam de forma e tom a cada quilómetro.

Quando percorro grandes distâncias, conduzindo seguido, tenho a sensação de que estou a atravessar o mundo, vicio-me no ato de conduzir e vou apenas apreciando a paisagem que muda a cada quilómetro, como quem olha para um documentário.

Naquele caminho imaginava que paisagens estavam para lá do que via… eu sabia que do meu lado direito começaria a passar a zona da batalha da Normandia e por ali fora as praias do desembarque…
Eu já estivera ali e agora voltava para reviver tudo de novo, amanhã, depois de uma bela noite de sono!

E foi o fim do 29º dia de viagem…

35. Passeando por caminhos Celtas – Margate… uma cronica de desenhos…

25 de agosto de 2014

O dia estava uma tristeza tão grande que me apeteceu voltar para a cama, assim que pus o olho na janela! Estava mesmo a ver que aquele seria o dia mais curto daquela viagem, se chovesse daquela maneira por todo o sul do país.

E assim seria, pude vê-lo na televisão ao pequeno-almoço.

A chuva nunca me perturba em tempo de trabalho, basta vestir o fato de chuva e sair e tudo está bem! Mas em viagem é ruim! A sensação de que estou a perder a oportunidade de ver mais um pouco faz-me ficar mesmo triste…

“O tempo está uma bosta tão grande que nem dá para tirar a máquina do bolso! Ainda bem que aproveitei os últimos dias de sol, uma coisa que esta vida de viagem me ensinou, nunca desperdiçar um solzinho contando que ele dure!
Mas que é uma chatice isso é, nada a fazer!
Já vi que os meus planos para catar o sul da ilha terão de ficar para outra vez, hoje so me resta correr até lá e esperar que o tempo melhore…”

Comecei a descer o país e… as coisas estavam cada vez mais tristes e deprimentes! Não valeria a pena ir a lado nenhum pois nada veria! Ainda passei no castelo de Kent, mas apenas entrei na propriedade e voltei a sair, sem nem sequer desmontar…

E fui para Margate… uma terra de praia que eu queria ver e onde dormiria naquela noite, antes de seguir para Dover e fazer a travessia.

Cheguei tão cedo ao hostel que temi que não me deixassem entrar. Eu acho que nunca cheguei tão cedo a um sítio para dormir, ainda nem eram 4.00 horas da tarde! Estava gelada, por fora e por dentro, só me apetecia ficar quieta no meu canto, e que esse canto não fosse na paragem de um autocarro qualquer!

E não foi!

No hostel a senhora recebeu-me cheia de carinho e preocupação! Levou-me até ao meu quarto, que era lindo e quente, e convidou-me a descer para um chá, assim que estivesse mais confortável. Ligou-me o aquecedor e trouxe-me mais toalhas pois eu tinha o cabelo molhado.

Eu adoro aquela gente!

Tomei um banho quente, outro naquele dia, e instalei-me. A máquina fotográfica estava tão húmida que a lente estava embaciada, por isso peguei num dos meus livrinhos e desenhei o meu quarto!

Com tanta humidade nem me apeteceu usar aguarelas, nem valia a pena pôr mais água na história!

Peguei no computador e desci, com vontade de desenhar o mundo! Sentia-me presa com tanta coisa bonita para ver lá fora!

A senhora era uma simpatía, acho que percebeu a minha frustração e encheu-me de mimos e comida. Estivemos no paleio por muito tempo, enquanto eu tomava um delicioso chá quente, acompanhado de uma série de coisas boas que ela me foi trazendo. Lembrei-me que, com toda aquela chuva, eu nem almoçara, logo aquele lanche veio mesmo a calhar!

Fui sarrabiscando um pouco o que me rodeava…

Até que o céu aliviou um pouco. Eu iria arriscar e sair um bocadinho, desenhar a rua, sei lá!
Não fui muito longe, saí a porta e atravessei para o outro lado, onde havia uma paragem. Um sítio ótimo para desenhar a fileira de casas onde ficava o hostel.

Desci depois a rua.
Levava a minha caneta de tinta à prova de água, não fosse a humidade borrar-me os desenhos. A caneta sépia borraria tudo facilmente com qualquer pinga que caísse, ou apenas com a humidade das mãos! E desenhei o cruzamento mais famoso la do lugar!

Mas foi “sol de pouca dura”, logo a seguir a chuva voltou com toda a força e eu fui a correr refugiar-me no “colinho” da minha benfeitora, que me deu um jantar decente e quente, e aquele dia ficou por ali… sem quase nada ver! Paciência!

E foi o fim do dia mais curto da viagem, o 28º… 😦

34. Passeando por caminhos Celtas – The Chelsea Football Club Stadium!…

24 de agosto de 2014 – continuando

Já que estava numa maré de futebol, peguei na moto e vim por ali abaixo. Aquele dia foi feito disso mesmo, de ir e vir sem nexo aparente, senão apenas uma sequência de sítios que fui decidindo ver, uns depois dos outros, sem qualquer planeamento prévio!

E o que eu tinha em mente ficava por trás de casas, hotéis e ruelas insuspeitas, bem no coração da cidade!

Eu tinha passado ali no dia anterior e todos os acessos às ruas residenciais estavam barrados com grades de metal. Percebi que havia jogo e a ideia devia ser impedir o estacionamento por todos os lados e recantos junto das casas de quem ali vive!

Mas isso fora no dia anterior, porque naquele dia, ninguém diria que estivera ali uma bagunça! Tudo estava calmo e não tive qualquer dificuldade em estacionar a moto, aliás o recinto é pequeno, rodeado por casas mas tem um parque para motos e bicicletas!

Havia motos escondidas atrás da casinhota das bicicletas, mas eu nunca gosto de esconder a minha motita! Gosto de a ver à primeira olhadela e que toda a gente a veja, assim tenho a certeza que ninguém lhe vai fazer cocegas na barriga sem o meu conhecimento!

E fui visitar mais um estádio! Um estádio de campeões!

Depois de visitar estádios como o Manchester e o Wembley, cheios de espaço envolvente e interior, o Chelsea fica apertado no meio da cidade!

Andei por ali a catar a redondeza pelos túneis de entrada para o campo que parecia não ter espaço para caber…

Mas há espaço para tudo! O museu, cheio de troféus e camisolas da equipa ao longo dos tempos, mas também de grandes nomes que ali passaram.

Até tive quem me tirasse uma foto ali no meio das vitrinas dos troféus!

E então apareceu o nosso guia, um senhor que contava tantas histórias sobre futebol, jogadores, visitantes, grandes campeonatos e troféus míticos! Muito interessante, numa visita cheia de interesse!

Também ali entraria em diversos momentos no campo, quer pela bancada que depois até ao relvado!

“Eu não podia passar sem ir ali!
O estádio é muito antigo, foi fundado no início do século XX e mantém muito do original. Precisava de crescer como espaço relvado e bancada, mas não tem como, pois está situado no meio da cidade, rodeado de habitações e comércio. Uma luta que vem travando para tentar expandir-se sem mudar de local, mas é muito difícil! Foi uma sensação entrar ali. O guia, um senhor com alguma idade, era excelente e, quando perguntou a nacionalidade de cada uma das pessoas que compunham o grupo de visita, parou em mim, quando eu disse que era portuguesa. Fez questão de me fazer sentar na cadeira do Mourinho, no espaço destinado aos técnicos. Foi muito bonita a visita a um estádio mítico que exibe uma camisola do Eusébio, nos balneários dos clubes visitantes, que ele deixou de uma das vezes que lá jogou. Foi uma sensação ouvir o guia explicar que ele foi um dos melhores jogadores de sempre. As pessoas olharam para mim, a única portuguesa presente…”

(in Passeando pela vida – a página)

E experimentei também sentar-me na mesa onde os técnicos e jogadores falam nas conferências de imprensa!

O guia contava histórias de cada jogador dono de cada camisola exposta nos balneários

A camisola do Eusébio…

Embora o estádio seja antigo e não possa ser remodelado quanto à dimensão e espaço, tem boas condições lá por dentro.

Então o guia dividiu o grupo de visitantes em 2 filas, estrangeiros para a esquerda, britânicos para a direita. Depois ligou a o som e nos entramos no campo ao som do barulho de um estádio cheio de adeptos num dia de grande jogo! Foi uma sensação forte, apenas serenada por uma visão das bancadas vazias.

Logo ali ficam os lugares da equipa técnica, o senhor não deixou ninguém sentar-se no 2º lugar, voltou-se para mim e disse-me que me sentasse eu ali, que aquele lugar era para mim!

Sentei-me. “Esse é o lugar do Mourinho!” explicou ele quando me sentei.

E a visão que o Mourinho tem sobre o relvado será parecida com esta, portanto!

Toda a gente se quis sentar nos lugares especiais dos técnicos.

Houve mesmo quem não quisesse sair de lá e nos deixasse à espera!

Uma última olhada para o campo que parece pequeno demais mas que alberga um grande clube!

Cá fora há Mourinho por todo o lado e até há um diploma com a assinatura dele para quem visita o campo. Já nem sei o que fiz ao meu, mas deve andar aqui por casa algures!

E acabou-se a minha aventura futebolística por esta viagem! Para quem não aprecia futebol até que me dediquei um bocado à exploração da coisa!

E a cidade tem tantos encantos que fui andando por ela, observando pormenores que me fascinaram. Não sou muito de esperar para ver render a guarda, ou ir ao palácio tal porque é o que se faz em Londres! Sou mais do ir andando e ir vendo, descobrindo a cidade!

E murais e pintura urbana sempre me agarram pelo coração!

Paredes e muros, placards e cercas metálicas, pareciam telas gigantes…

E o transito a completar o quadro, com os famosos táxis negros!

A caminho de um recanto mítico de Londres!

O Soho!

A zona tornou-se famosa pelo ambiente nocturno, com direito a sex shops e ambiente cinematográfico. Hoje é uma zona onde se passeia por ruas pitorescas e acolhedoras.

Não sei porquê, mas foi por ali que as pessoas mais olharam para mim! enquanto eu olhava para as paredes, para os enfeites suspensos, sentia a curiosidade das pessoas que olhavam para mim!

A zona é mesmo simpática e cheia de curiosidades, por isso pouco me ralei com que olhava!

Impossível não gostar de passear por ali!

Então deparei-me com uma casa que vendia coisas de comer que mais pareciam de decoração!

Eu sei que se fazem bolos com as mais diversas configurações e decorações, mas aquilo não pareciam mesmo nada bolos!

Eu diria uma casa de decoração, uma florista, daquelas que fazem decorações em flores!
Mas não, aquilo come-se tudo!

Cada rua tem a sua decoração ao estilo de recepção!

Algumas bem originais e com efeitos tridimensionais!

E perdi-me me mais uma loja de materiais de pintura, que os ingleses têm muita variedade e qualidade na área!

E fui jantar, mais uma vez, ao Ace Café, para não variar, que lá há boa cerveja, coisa não muito comum pela cidade!

Recantos do espaço, no primeiro andar!

A loja, ao lado do longo balcão onde se serve comidinha e boa cerveja.

Estavam a preparar uma exposição de carros e a multidão estava a cumular-se por todos os lados, até ao outro lado da rua.

Como eu não aprecio de todo coisas com 4 rodas, lá me fui embora!

No dia seguinte choveria, eu vi na televisão, por isso o que eu aproveitei naquele dia, não se repetiria no seguinte… até ao sul da ilha…

E foi o fim do 27 dia de viagem