36 – Passeando até à Suiça 2012 – Weiherschloss, Schaffhausen e Stein Am Rhein

19 de Agosto de 2012 – continuação

Detesto ter de pensar muito bem onde vou a seguir, mas foi o que tive de fazer a cada paragem, para tentar não fazer caminhos difíceis com conduções exigentes que me obrigassem a usar muito os travões!

O facto de ser domingo, naquele país, pode ajudar um bocado, pois não há tanto trânsito nas ruas, logo trava-se menos! 😀

Logo ali a seguir, a pouco mais de 8km fica o Château de Bottmingen, um dos castelinhos suíços mais fofinhos!

O Château de Bottmingen (Weiherschloss) é um castelinho delicioso do séc. XIII que foi restaurado posteriormente em estilo barroco, no séc. XVIII.

Funciona hoje como restaurante com serviço agradável e pratos deliciosos, a considerar pela lista variada! É o único castelo do cantão que tem foço, que lhe confere um ar romântico e pitoresco, com uma esplanada sobranceira às águas! Apetece comer ali!

Como não o poderia fazer, porque era muito cedo, contornei-o fotografando-o e, ao passar pelo seu interior, fui simpaticamente cumprimentada pelos empregados que preparavam a esplanada e punham as mesas para o almoço, pois essas coisas fazem-se cedo. Um bonito e acolhedor espaço e ainda por cima histórico!

Rapei do mapa e… não me apetecia passar em Zurich, tenho lá passado varias vezes nos últimos anos e nem é uma cidade que eu goste particularmente, por isso passei antes por Baden a caminho de Schaffhausen!

Baden recebeu-me em festa, e digo “recebeu-me”, porque as pessoas ficaram muito preocupadas porque eu não tinha lugar para estacionar por causa do centro histórico estar fechado ao transito e houve quem pedisse à policia para me deixar pôr a mota num cantinho da festa.

Baden tem a ver com termas e as águas por ali são as melhores do país, pela sua riqueza em minerais. A bem dizer o seu nome quer exatamente dizer “termas” e é mesmo uma das mais antigas do país, vinda lá do tempo dos romanos, quando se chamava Aquae Helvetiae.

Acabei por me deliciar mais com a panorâmica geral da cidade do que com a confusão das suas ruelas cheias de gente em festa!

Segui para Schaffhausen, uma cidade que sempre me fascina, com as suas cataratas esplendidas!

As cataratas ficam numa terrinha que se chama Neuhausen am Rheinfall, mesmo ao lado de Schaffhausen. As cataratas são surpreendentes pela sua força e extensão, são as maiores da Europa ocidental!

O Reno em fúria enche a atmosfera de água e é a água que tudo cheira por ali!

Barquinhos partem para a visita ao rochedo no meio das cataratas. Mais uma vez não fiz essa visita, ficará para uma outra vez que ali passe!

Desde sempre que estas cataratas impressionam quem as visita até Turner (o grande pintor impulsionador do impressionismo) as pintou quando as visitou!

O rochedo no meio da queda é tão forte quanto frágil, no meio de todo o turbilhão da corrente! Parece que, mais dia, menos dia, será levado por ela, há séculos que parece!

Eu iria lá voltar ainda de passagem durante esta viagem. Impulsos a que não consigo resistir!

Schaffhausen, a cidade propriamente dita, fica logo ali ao lado, uma cidade de origem medieval, cheia de construções extraordinárias, memórias de diversas épocas até aos dias de hoje!

Foi lá que fui almoçar! Achei curioso um bebé que teimava em gatinhar para a rua pedonal, e os pais apenas o acompanhavam, sem se preocuparem com o facto de ele se sujar. E o miúdo ficava tão feliz nas suas explorações!

Passeei um bocado pela cidade antiga, estava bastante calor e não apetecia sofrer muito em longas explorações!

O castelo do séc. XVI olhava-me lá de cima mas eu não podia apanhar mais calor e caminhar! Só aguento bem o calor a conduzir!

Ali a uns escassos vinte e tal quilómetros fica uma cidadezinha que me estava a interessar muito mais explorar! Uma cidade linda e cheia de recantos espantosos, pintura, arquitetura e ambiente, tudo parece perfeito em Stein Am Rhein!

A cidade fica no ponto onde o rio Reno deixa o lago de Constança para voltar a ser ele mesmo!

O centro medieval está muito bem preservado mantendo a estrutura antiga de ruas. As portas da cidade estão lá, embora a antiga muralha da cidade seja composta por casas.

A parte medieval da cidade é exclusivamente pedonal, o que ajuda a preservar o bom estado das habitações e permite apreciar calmamente os muitos edifícios medievais pintados com belos afrescos.

Cada uma daquelas casas merece uma longa apreciação, pelas obras que têm pintadas em si!

Ali eu esqueci o calor! Apenas me deslumbrei com os pormenores!

Um casal de motards que me vira chegar, pois estacionei a minha moto perto da deles, meteu conversa comigo. Estavam curiosos para saber de onde eu vinha e se andava por ali mesmo sozinha. Simpáticos. Eram da zona, por isso acharam que eu era a supermulher por vir de tão longe passear para ali sozinha!

Ali ao lado a miudagem aproveitava a ponte para saltar para o rio, que era o que o calor inspirava a fazer!

Depois fui até à margem do rio onde havia uma festa da cerveja local, bem animada e simpática!

Paguei um copo e encheram-mo várias vezes! Tive de dizer “chega” ou teria de passar ali a noite! Eheheh

A festa animaria à noite, diziam eles, por isso a beber era naquele momento que estava pouca gente! Diga-se que com o calor que estava apetecia mesmo beber a tarde toda!

Segui o meu caminho muito mais fresca e relaxada, depois de paleio e cerveja a gente sente-se sempre bem!

Mais à frente encontrei o único incêndio da viagem! Foi uma coisa que me chamou a atenção, com tanto calor que se fazia sentir por todo o lado, nada ardia! E este único incêndio era num armazém, por isso nem era provocado pelo calor!

Ainda passei em Appenzell, apenas para matar saudades.

O cantão de Appenzel está cheio de curiosidades, uma delas é o facto de estar completamente rodeado pelo cantão de Saint Gallen! Uma ilha no meio do outro cantão! Outra curiosidade é o seu Landsgemeinden, uma assembleia democrática ao ar livre, onde toda a população tem de participar sob pena de poder ser multada, e onde se delibera o que é importante para o cantão bem como que o vai governar! Democracia direta, onde o povo tem rosto e quem o governa também! Vêm-se e conhecem-se uns aos outros olhos-nos-olhos!

E fui para Saint Gallen, não me apetecia catar mais… nem conduzir mais, nem travar mais!

Lá da pousada de juventude eu podia ver a Catedral que me levara a voltar aquela cidade.

Eu contactara, na noite anterior, com o meu amigo alemão do Facebook, o Edwin, que vive perto daquela zona da Suíça, a pedir-lhe ajuda para encontrar uma oficina Honda na Alemanha, para trocar as pastilhas de travão.

Ele enviara-me 2 endereços para eu escolher o que me parecesse mais próprio. Perguntava-me se a moto poderia circular até uma das oficinas ou se precisava que ele me viesse buscar.

Escrevinhei o endereço da oficina no GPS e ele reconheceu-o, grande Patrick!

Não seria preciso virem-me buscar, eu iria lá ter pelo meu Patrick, o Edwin iria ter comigo. Faz sempre jeito ter alguém que fala inglês comigo e alemão com os alemães! Eheheh

Grande Edwin, iria conhece-lo amanhã!

Fim do vigésimo primeiro dia de viagem!

35 – Passeando até à Suiça 2012 – Basel, Dornach e o Goetheanum

19 de Agosto de 2012

O dia seguinte foi de preocupação, o que estragou um pouco o que queria ver e fazer! Isto de não conduzir à vontade é ruim e, quando nos dizem para não travarmos, parece que de repente travamos mais do que nunca e por tudo e por nada!

O meu destino era Saint Gallen, por caminhos cheios de beleza, mas nem sabia o que fazer, se seguir direta, se dar umas voltinhas inocentes e visitar recantos que trazia no meu “livrinho das saudades”.

Optei pelo “meio-termo”: nem ir direta, nem catar demasiado, e deixar na agenda coisas lindíssimas, que não poderia ver, para uma próxima passagem no local. Acho que foi a boa opção pois, no final, o dia resultou muito bonito!

O hostel era muito bonito e o pequeno-almoço cheio de requintes! É o momento em que me encho sempre de comida! Acordo com vontade de comer de tudo e é o que faço sempre, pois durante o dia a vontade de comer nunca é muita! Pudera, com a barriga cheia e a cinta apertada nem há tempo para sentir fome!

Não fiz uma visita exaustiva a Basel, implicaria muito “pára-arranca” e isso stressar-me-ia por causa dos travões, por isso fui até um ponto central, perto do que queria ver, e parei ali.

Uma das coisas que me irrita na Suíça são os milhares de fios dos autocarros elétricos! Lixam a paisagem toda, ao ponto de fazer quase redes de fios por cima de nós! Ecológico mas aborrecido para caramba!

A caminho da Rathaus extraordinária da cidade passei na Elisabethenkirche, uma igreja fantástica em estilo neo-gótico, que consegue ter a torre mais alta que a da catedral de Basel! Um edifício do séc. XIX lindíssimo… infelizmente estava fechada, era muito cedo!

Não estava fácil aproximar-me do ponto onde queria parar, porque havia ruas cortadas e sinais de festa, mais propriamente cinema ao ar livre!

Do outro lado do Reno a catedral vermelha chamava a atenção! Era para lá que eu queria ir!

Aquele Reno é um rio que tenho de percorrer de ponta a ponta, um dia… desde a nascente nos Alpes suíços, até à sua chegada ao Mar do Norte, depois de passar por 6 países: Suíça, Áustria, Liechtenstein, Alemanha, França e Holanda!

Dei a volta e fui até à Marktplatz, onde o edifício de arenito vermelho domina visualmente toda a envolvência!

Uma construção do séc. XVI espantoso onde hoje funcionam o Grande Conselho – legislativo e o Conselho de Governo – executivo, bem como os serviços do Parlamento do cantão.

Não há qualquer dúvida da data de construção do edifício, pois está escrevinhada numa varanda! A segunda data deverá ser a do seu restauro, que naquele país gostam de registar também!

As paredes são deslumbrantes em torno do pátio interior! Fica-se por ali de nariz no ar a apreciar!

Basel foi a única grande cidade que eu não conheci enquanto vivi na Suíça! Lembro-me que quando a Confederação organizou o passeio para os bolseiros visitarem a zona, eu não pude participar, pois estava em exames, que nas Belas Artes nunca são nas mesmas datas dos da Universidade, vá-se lá saber porquê.

Depois nunca lá fui pelos meus próprios meios (bicicleta + comboio) porque havia sempre algo mais chamativo e mais perto para eu visitar! Por isso conheci-a apenas anos depois, quando regressei à Suíça de moto!

A praça, cá fora, estava deserta e era o momento certo para a visitar, sem carros por todos os lados!

Pertinho da Marktplatz fica a Catedral, vai-se mais facilmente a pé que de moto, pois a volta que se dá é enorme!

A catedral é um edifício espantoso, também em arenito vermelho, sobressai na paisagem da cidade pelas suas torres e telhados de telhas coloridas!

Foi construída entre o séc. XI e o séc. XVI, entre estilo românico tardio e gótico!

Esta catedral, como outras no país, nasceu Católica e acabou Protestante, como se mantem até hoje! Mas a transição foi violenta e um duro golpe para o seu património artístico!

Entre 1528 e 1529 muitas das suas obras foram destruídas, crucifixos e estuas de santos e da virgem foram esmagados pela população que a invadiu para destruir tudo o que fosse imagem, inspirados pelo reformador Ulrich Zwingli, que recusava a adoração de Deus pelas imagens!

Os capelães defenderam a catedral que acabou por ser despojada das suas imagens e assim se mantem até hoje.

Pertinho de Basel, em Dornach, fica o Goetheanum! Um edifício que é uma escultura onde se pode entrar!

Na realidade é a sede mundial do Movimento Antroposófico, fundado por Rudolf Steiner, que o apresentava como “um caminho para se trilhar em busca da verdade que preenche o abismo historicamente criado desde a escolástica entre a fé e a ciência!”

A obra arquitetónica é também de Steiner e é considerada uma verdadeira obra-prima da arquitetura expressionista do século 20. A libertação de alguns elementos tradicional da arquitetura, obtendo estruturas orgânicas, provoca no observador as mais diversas emoções. A cor, usada no interior do edifício em nuances e efeitos que se alteram ao longo da subida da escadaria colorida e no interior dos auditórios, é surpreendente e proporciona enquadramentos inesperados! Uma obra de arte que se pode percorrer por dentro!

As escadas, quase orgânicas, sobem em tons quentes que vão arrefecendo até chegar ao azul, lá em cima!

Lá em cima, onde o patamar já é amarelo, a maqueta de todo o sítio, onde figura o Goetheanum e as pequenas casas em formas orgânicas e florais que aparecem perfeitamente integradas na paisagem.

Lá de cima podia ver a minha motita à minha espera no pátio!

As entradas para os auditórios estavam fechadas, o que foi uma pena, pois sei que eles são de cortar a respiração!

Ao visitarmos este edifício somos levados a pensar que é uma construção moderna e recente, futurista mesmo!

Mas na realidade foi construído nos anos 20 do século passado! Os Suíços são muito reputados em artes e arquitetura, não é por acaso!

As outras construções do complexo completam o conjunto de forma digna e encantadora!

(continua)

34 – Passeando até à Suiça 2012 – Friburgo, Avenches, Basel

18 de Agosto de 2012

A história deste dia é curta e com alguma preocupação. Um dia de muito calor em que a moto começou a fazer um barulho que me intrigou! Não era um barulho constante nem previsível e dada a história recente da minha motita, não me deixava nada sossegada! Por isso o percurso acabou por não ser longo!

Passeei um pouco pela cidade, que visitara recentemente, mas deixara a catedral para ver com calma noutra altura. Era esta a altura!

A Catedral de St-Nicolas, construída entre os séculos XIII e XV, começou em estilo românico e acabou em gótico, como tantas catedrais da época, entre estilos. É um edifício lindíssimo com uma torre muito caraterística que, segundo a lenda, não foi concluída porque se acabou o dinheiro!

O portal é extraordinário com um baixo-relevo ilustrando o Juízo Final.

Lá dentro a atmosfera é serena e o espaço é lindo!

E o órgão, famoso e extraordinário ao fundo.

Na realidade ela conserva elementos de todas as épocas porque passou desde o início da sua construção, incluindo elementos barrocos!

A catedral fica situada num ponto elevado, bem no centro da cidade medieval e é facilmente visível a partir das margens do rio Saarne, em enquadramentos muito bonitos!

É sempre emocionante percorrer com as nossas próprias rodas caminhos medievais tão bem conservados!

E lá está a catedral e o rio que também é chamado de Sarine!

E a zona histórica, uma das mais bem conservadas da Europa!

Um dia tenho de lá voltar para subir a torre da catedral, pois a paisagem lá de cima é deslumbrante, e eu não a tenho encontrado aberta!

O meu destino naquele dia seria Basel, sem nada de especial para fazer pelo caminho para além de cismar no barulho da minha moto! Voltei a passar no Lac Morat, por caminhos estreitinhos e isolados!

Com pormenores retirados de contos infantis!

Parei em Avenches, uma cidadezinha muito interessante que já foi um importante posto avançado romano: Aventicum

Há vestígios da cidade romana um pouco por todo o lado e os estudos e escavações continuam.

A importância da cidade pode-se ver pelo anfiteatro, que é ainda hoje usado para espetáculos, (naqueles dias decorria o Rock Oz’Arènes), com as suas bancadas mistas, entre cadeiras de plástico e degraus de pedra. Imponente!

Pensa-se que um anfiteatro tão grande só se justificava para uma cidade com 200.000 habitantes! Muito maior população do que a que a cidade tem hoje, menos de 3.000!

Mesmo à beirinha fica o castelo do séc. XIII, onde funcionam serviços da comunidade.

Muito bonito, pena ter carros estacionados por todo o lado!

Ali mesmo junto ao anfiteatro!

Acabei por me sentar numa sombra, junto à ruinas romanas, a comer maçãs de uma enorme macieira que ali havia! Eram boas!

Depois foi a sequencia de casinhas medievais deliciosas, tão características naquele país, lindas!

De repente avistei uma oficina Honda! Era a boa oportunidade de ver como estava a minha velhinha e de descobrir que barulho era aquele que ela andava a fazer!

Descobri que tudo estava bem na minha motita, ninguém diria que já levava tanto quilómetro em cima dos tantos que já trazia! E o que eu não queria acreditar que fosse, era mesmo o que ela tinha… tinha as pastilhas de travão completamente gastas!

Só então me lembrei que ela não fizera a revisão no sítio do costume e, para quem não sabia o quanto eu iria andar, ter as pastilhas a meio daria para muitos quilómetros… e deram, mas não para toda a viagem!

Era sábado, a oficina estava mesmo a fechar, eu teria de continuar viagem não iria ficar ali à espera que fosse segunda-feira! Teria de evitar travar com o travão de trás, que não tinha pastilha de todo e usar o da frente pouco, pois tinha apenas um milímetro de pastilha, e o melhor seria ir pôr as pastilhas na Alemanha pois na Suíça eram muito caras, disse-me o mecânico.

Estava muito calor, eu estava muito preocupada, nem pensar em ficar sem travões, já experimentara uma manete de travão que encravou e não queria voltar a passar pela sensação de travar e não parar! Por isso fui muito direitinha para Basel para o Hostel simpático e fresco, que contrastava profundamente com o 39 graus cá fora!

A minha Magnífica fez sensação, “discretamente” estacionada entre as bicicletas.

Fiz amizade com uma série de pessoas que foram metendo conversa comigo por causa de eu andar a viajar sozinha de moto e aprendi algumas coisas sobre países onde quero passar um dia destes. E não voltei a sair, porque em viagem não me obrigo a nada!

Fim do vigésimo dia de viagem…

33 – Passeando até à Suiça 2012 – Le mont Moléson, Freddie Mercury e Lausanne

17 de Agosto de 2012 – continuação da continuação

O Moléson é um monte escarpado que atinge os 2002 metros de altitude e que pertence aos Rochers de Naye que eu visitei quando subi pela encosta em Montreux!

Existe um funicular que faz a primeira parte da subida e um teleférico que faz o topo.

Aquelas encostas, como muitas outras pelo país, são exploradas pelo turismo de inverno com ski alpino, ski de fond e caminhada com raquetes; e pelo turismo de verão com caminhadas, alpinismo e parapente.

Subir no funicular é uma experiência muito bonita, como em muitos outros nos Alpes, porque percorre a montanha serpenteando e revelando pouco a pouco diversas perspetivas da paisagem.

O vale de Gruyères vai ficando para baixo, permitindo ver-se ao longe o lago com o mesmo nome. Um lindo lago artificial provocado por uma barragem.

Ao chegarmos ao fim do funicular, subimos 1.109 metros, depois temos de apanhar o teleférico para subir aos 1.520 metros! E aí já vemos o Moléson, um enorme rochedo proeminente e impressionante!

Ali de cima o vale já é bem distante e pequeno!

Sentimo-nos no topo do mundo e a colina do castelo, lá em baixo, é quase imperceptível!

Lá está o lago ao longe.

Ali de cima, até o que está em cima parece baixo!

E os Alpes estão por todo o lado!

Olhando para sul, por cima dos montes onde alguns parapentes animam a paisagem, a longa mancha branca provocada pelo Lac Leman!

Afinal estamos num ponto alto a poucos quilómetros, a direito, de Lausanne e Montreux!

A sensação de estar-se ali, com uma cerveja fresca na mão e uma paisagem de cortar a respiração… é inesquecível!

Lá tive de me forçar a descer dali, horas depois, depois de muito paleio com alguns caminhantes que se foram sentando perto de mim!

É curioso ver o trilho do funicular pela encosta abaixo, numa paisagem perfeita!

Voltei a passar perto da colina do castelo, para me dirigir para o Lac Leman mais uma vez nesta viagem.

É sempre tão reconfortante passear pelas margens daquele lago!

E fui até Montreux!

Porque estava perto e porque tinha prometido ao meu amigo Rui Vieira tirar uma foto com a minha Magnífica junto da estátua de Freddie Mercury.

Quando lá cheguei havia feira no local! Feira de venda de coisas e feira de gente em volta da estátua do homem!

Bolas, como iria eu fazer para levar a moto até ali com todo aquele povo?

Muito simples! Há um fator que nos permite fazer qualquer coisa sem que ninguém reaja: o fator surpresa!

Por isso fui buscar a moto, subi o passeio, atravessei toda a zona pedonal por entre tendas e povo que me olhava espantado e levei a Magnífica até onde quis!

Freddie Mercury passou em Montreux os seus últimos tempos de vida, onde gravou até morrer…

Diz a placa por baixo da escultura, (numa tradução direta e básica, sem floreios):

“Freddie Mercury, nasceu com o nome de Farrokh Bulsara na ilha africada de Zanzibar, tornou-se um dos maiores artistas de rock da nossa época. A sua carreira de cantor, durante vinte anos, no seio do grupo Queen permitiu-lhe vender mais de 150 milhões de álbuns no mundo inteiro. Visionário, musico fora do comum, ele deixa para trás de si uma herança inestimável assim como uma enorme influencia para as gerações de artistas rock posteriores.

Graças aos Mountein Recordin Studios, adquiridos pelo grupo Queen em 1978, Freddie soube criar até à sua morta, laços muito fortes com a cidade de Montreux.

Apreciador da simpatia e da discrição dos seus habitantes, Freddie considerava Montreux como o seu lar adotivo e um refúgio de paz propício à elaboração das suas últimas obras.”

E ainda aproveitando o tal fator surpresa, tirei as fotos que quis, dando-me até ao cuidado de mudar a motita de posição! Só não a pus em frente à estátua porque aí existe um passadiço de madeira desnivelado e não era mesmo nada aconselhável arriscar a desce-lo com a moto, senão…

Quase em frente da estátua fica uma plataforma circular onde as pessoas aproveitavam para fazer praia e banhar-se no lago a partir dali. Muito interessante!

E pronto, estava cumprida a promessa da foto por isso pus-me a passear por ali. Não me apetecia visitar a cidade, apenas curtir o lago, que o calor era demasiado!

E tratei de seguir caminho, pois com muito calor prefiro andar de moto que a pé! Segui pela margem do lago até Lausanne, logo ali a menos de 30 km.

A cidade estava cheia de gente e de movimento e de calor! Também não me apetecia visita-la de novo já que a tenho visitado em viagens recentes! Mas havia ali algo que eu queria ver: a catedral!

A Cathédrale protestante Notre-Dame de Lausanne é uma construção espantosa do séc. XIII que esteve recentemente em obras de restauro durante muito tempo!

A última vez que a visitei ela estava em obras de recuperação. É um exemplar lindíssimo de arquitetura românica já com elementos góticos, pois foi construída em várias fases! No séc. XVI foi dedicada ao Calvinismo aquando da Reforma Protestante!

Quando fui visita-la, era tarde, deveria estar fechada… mas fui na mesma! Havia uma porta lateral aberta, espreitei, estavam dois homens lá dentro. Perguntei se podia visitar a catedral. “Está fechada menina, só está aberta para quem vem assistir ao concerto! Terá de vir ver o concerto para ver a catedral!” disse um deles “Mas eu não posso, tenho de ir embora!” disse eu. Então um dos senhores disse-me que me deixava ir até ao centro da igreja e voltar. Estávamos exatamente ao nível do início do altar. Fui e tirei 3 ou 4 fotos! Todas as cadeiras estavam voltadas para o novo órgão, (que é uma aquisição relativamente recente e de grande qualidade), no fundo da catedral. A catedral estava linda, mesmo voltada assim “ao contrario”! Tive uma imensa vontade de ficar para assistir ao concerto…

Não podendo ficar, tirei varias fotos a partir do mesmo sitio que o senhor me permitira alcançar!

Aquele teto é mesmo diferente e lindo!

E fui para casa que naquele dia era em Friburgo!

Fim do décimo nono dia de viagem!

32 – Passeando até à Suiça 2012 – O Château de Gruyères

17 de Agosto de 2012 – continuação

Depois do museu Giger continua-se o caminho até à entrada do castelo propriamente dito, um edifício do séc. XIII cheio de encanto que o torna um dos mais importantes do país!

O castelo funciona desde há muito tempo como museu, desde os anos trinta do seculo passado.

Ali existem diversas obras de arte curiosas e exposições permanentes e temporárias, sendo comum encontrar esculturas no percurso que vamos fazendo.

Os 2 escudos na entrada do castelo são deslumbrantes, um representa Marte e a guerra, outro representa Vénus e o amor (o da foto).

O castelo é uma delícia de viagem por 8 seculos de história e estilos que se sucedem de canto em canto e de sala em sala!

Os interiores são uma delícia de decoração que vai desde a época da construção…

até diversos estilos decorativos que documentam momentos da história do castelo e dos seus donos, como a Sala dos Cavaleiros que documenta os feitos dos condes de Gruyères!

Lá em cima, a caminho da varanda florida que dá para o jardim francês, há uma exposição de pintura permanente, pelo menos está lá desde a minha visita há 8 anos!

Com pinturas surrealistas muito interessantes!

Gostei sempre particularmente desta pintura com o castelo de Gruyères lá em cima do monstro verde!

E da bonita varanda florida pode-se ver a bela paisagem sobre o jardim e os montes fora das muralhas!

La Dent de Broc logo ali, qual dente gigante saído da terra!

É giríssimo percorrer os recantos do castelo, por corredores e muralhas, passadiços de madeira inspiradores cheios de flores!

Dá-se a volta e cada recanto é cheio de encanto!

E de repente, na muralha, encontramos La Tour du Prisionnier, com a obra de Patrick James Woodroffe, composta de imagens que parecem saídas dos contos infantis!

O castelo é muito bonito e muito bem enquadrado!

Pormenores de um castelo que vale a pena visitar!

Da muralha vê-se a envolvência, a igreja de St.-Théodule lá em baixo com o cemitério pequenino! Mais uma terra onde morre pouca gente?!

Lá em baixo a vila de Gruyères, pequena como todas as vilas suíças!

Voltei a passar pelo museu e bar Giger, pois Le Chalet é mesmo ali à beirinha e eu iria lá almoçar!

Le Chalet é um restaurante típico que eu adoro e onde vou almoçar ou jantar sempre que passo perto.

Ali se comem a Raclete e o Fondue mais deliciosos, afinal estamos na terra do grande queijo suíço.

A senhora que serve o fondue já faz parte da imagem do restaurante, trata-nos como se fosse nossa mãe e vem oferecer mais comida quando a gente acaba!

Como eu queria vinho, mas não muito, trouxe-me a canequinha mais gira de um bom e fresco vinho branco. A canequita era pouco maior que o copo e o vinho era delicioso!

A raclete é composta por queijo, batatas cozidas e carne fumada. O queijo é derretido ao calor e espalho depois de fundido sobre as batatas e carne e é um conjunto delicioso!

Saí dali de barriga cheia preparada para continuar as minhas explorações, que eu funciono muito melhor depois de comer!

Ao fundo da rua via-se o Mont Moléson e eu iria visita-lo logo a seguir!

Deixei o castelo para trás, em cima da sua colina e iria vê-lo de longe, a cada momento da subida.

O teleférico fica perto da vila e é fácil de encontrar pois o monte espreita todo o tempo por cima de tudo!

(continua)